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Rondônia, quinta, 09 de maio de 2024.

G1

Conheça três projetos que dão suporte para mulheres vítimas de violência doméstica em Porto Velho


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Projetos voluntários e até do MP foram criados com objetivo de proteger mulheres que vivem ciclo de violência doméstica. Segundo delegada, vítimas e testemunhas também podem denunciar agressores pelo disque 180 e 197. Especialistas destacam que o crime de ameaça é um dos principais sinais de se estar em um relacionamento abusivo
Marcelo Brandt/G1
Dor, vergonha, impotência são alguns dos sentimentos predominantes nas vítimas de violência doméstica. Em Rondônia, mais de 7 mil boletins de ocorrência desse tipo de crime foram registrados somente neste ano.
A mulher que está em um relacionamento abusivo, geralmente, vivencia um ciclo de violência composto por três fases: tensão, agressão e lua de mel. Esse ciclo tende a se repetir diversas vezes dentro da relação.
Os crimes de ameaça, difamação, calúnia, injúria e lesão corporal também fazem parte do rol violência doméstica.
Para tentar proteger essas vítimas, vários projetos foram criados ao longo dos anos em Rondônia. Conheça três deles abaixo:
1- As Guerreiras da Leste
Tereza Reis, fundadora e presidente da associação localizada na zona leste de Porto Velho, diz que o projeto “As Guerreiras da Leste” foi criado em 2013, após ela encontrar forças para acabar com o ciclo de violência que vivia.
Após deixar o ex-companheiro e agressor, Tereza decidiu ajudar outras mulheres que vivem a mesma realidade.
Na associação são recebidas mais de 100 mulheres por mês. Na sede são oferecidos cursos de capacitação, encaminhamento ao atendimento psicológico e orientação para confecção de registro policial e o pedido de medidas provisória às vítimas de violência doméstica.
Os trabalhos feitos na associação são voluntários e o projeto também conta com doações de empresários.
“Na nossa associação a gente busca oferecer todo apoio para essas mulheres vítimas de violência doméstica. Eu sei na pele que não é fácil cessar o ciclo da violência e o quanto é necessário o apoio que vem de fora. O não julgamento, o empoderamento e a autonomia econômica são essenciais”, pontua.
Mais de 100 mulheres são atendidas na associal Guerreira da Leste
Jheniffer Núbia/G1
2 – Filhas do Boto Nunca Mais
O projeto da ONG realiza um trabalho de conscientização e ampara vítimas da violência doméstica em Porto Velho.
Além do apoio, o trabalho de empoderar as vítimas, segundo a fundadora e presidente Anne Cleyanne, é fundamental para que elas voltem a se ver como protagonistas de suas vidas.
“Com as mulheres sendo empoderadas, com certeza conseguimos desenvolver as famílias e ter uma justiça social”, diz a presidente.
Durante a pandemia de coronavírus, a ONG Filhas do Boto Nunca Mais focou na restruturação de uma sala de atendimento para mulheres vítimas de violência, em uma sala da Central de Flagrantes da capital.
“Entendemos a necessidade que a vítima tem de ter um atendimento mais humanizado, diante da situação traumática. Existem mulheres, mães e idosas que não denunciam por medo e vergonha. Medo de chegar lá e ficar cara a cara com o agressor. Até então, ambos ficavam no mesmo local. Essa sala oferece essa segurança e alívio, além de não precisar estar junto [do agressor]”, conta Anne.
A lenda do boto, muito presente na Região Norte, é geralmente contada para justificar uma gravidez que não foi planejada ou fruto de estupro.
O professor de história Célio Leandro, mestre pela PUC, explica sobre a lenda. “O conto diz que o boto se transformava em um rapaz elegantemente vestido de branco e sempre com um chapéu para cobrir a grande narina. Ele encantava as meninas, as engravidava e depois voltava para o rio”, conta.
Sobre a ONG, Filhas do Boto Nunca Mais, o mestre destaca a importância do amparo às mulheres que a procuram e ressalta o grupo social pela relevância na prestação da assistência psicológica.
Veja lista com mais de 80 telefones para denunciar violência contra mulheres em RO
3 – MP Presente: Mulher Protegida
A pandemia paralisou alguns trabalhos realizados por órgãos que faziam a ponte entre a vítima de violência doméstica e a busca pelos seus direitos.
Com as atividades retornando aos poucos, a necessidade de reconstruir essa ponte é crucial para que a mulher seja mais que amparada, seja ouvida, acolhida, orientada e passe a ter novamente um elo fortalecido de confiança.
A reconstrução dessa ponte é o foco do projeto “MP Presente: Mulher Protegida”, criado em 2019 pelo Ministério Publico de Rondônia (MP-RO) e tem o objetivo de viabilizar e dar apoio às vítimas de violência doméstica no baixo, médio e alto Madeira.
Nessas localidades, os índices de notificação de violência são abaixo do esperado, o que preocupa o órgão. A ausência institucional para o acolhimento, orientação e amparo para as vítimas impedem a quebra do ciclo.
Com o retorno das atividades presenciais do MP, o promotor Hérverton Alves de Aguiar, que estava como gestor e faz parte da construção da cartilha do projeto, destaca que a busca pelo tato (toque), o olho a olho, novamente com as vítimas de violência doméstica, é fundamental para a reconstrução dessa ponte que leva confiança.
“Precisamos resgatar a confiança dessas mulheres e reconstruir essa relação. Por meio do contato, palestras de conscientização e também buscar apoio na própria comunidade, seja por meio de associação de moradores, igrejas, Corpo de Bombeiros, tudo é válido para juntos voltarmos a combater a violência doméstica”, diz o promotor.
A conscientização é a arma principal do projeto. Por meio de “perguntas-chaves’ e também do apoio a essas mulheres nas localidades, o “MP Presente: Mulher Protegida” forma uma rede de defesa às vítimas.
Essa rede, segundo a promotora Tânia Garcia Santiago, leva o nome na cartilha do projeto e pode contar com denúncias anônimas de quem presenciar alguma violência contra a mulher.
“É muito difícil a interrupção do ciclo da violência ocorrer a partir da vítima. O mais comum é que a imposição de limites e a interrupção desse ciclo ocorra por intervenção de terceiros. Também há trabalhos que são bem sucedidos nas igrejas e ajudam casais com conselhos. A ajuda terapêutica, o agir de algum familiar ou um amigo também são úteis nessa primeira fase do ciclo da violência”, explica a promotora.
Faça o teste da cartilha do projeto “MP PRESENTE: MULHER PROTEGIDA” e veja se você está correndo PERIGO
De acordo com levamento feito pelo g1, com dados da Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec), entre os meses de janeiro e setembro deste ano, 7.886 ocorrências foram registradas como violência doméstica nas delegacias do estado.
Veja no quadro abaixo o número de ocorrência por crimes do rol da violência doméstica.
Violência doméstica: ocorrências registradas entre janeiro e setembro de 2021 em Rondônia
A delegada titular da Delegacia Especializada em Atendimento a Mulher (Deam), Amanda Ferreira Levy, pontua que é muito importante que as denúncias sejam feitas formalmente através dos canais oficiais, como por meio do disque 180, que é o portal do Governo Federal, ou pelo canal 197 da Polícia Civil. A pessoa não precisa se identificar.
“No momento em que a pessoa faz a denúncia, é importante que ela ofereça o maior número de dados possíveis tanto da vítima como do agressor. Dados de localização, endereço, telefone, local de trabalho para que a gente consiga iniciar o procedimento de investigação. O contato da vítima é de extrema importância, pois é o meio mais rápido que temos de falar com a vítima”, destaca a delegada.
Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, fica localizada na Unisp Zona Leste de Porto Velho, no endereço da Avenida Amazonas 8145 no bairro Escola de Polícia
Jheniffer Núbia/g1
A Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher, em Porto Velho, está localizada na Unisp Zona Leste, no endereço da Avenida Amazonas n° 8145, bairro Escola de Polícia.
O g1 listou telefones em mais de 20 cidades do estado, onde as mulheres podem buscar auxílio durante o período de isolamento social (Clique aqui para ver a lista).
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Fonte: G1 Rondônia

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