Conectado por

Rondônia, sábado, 27 de abril de 2024.

Cultura

História de Rondônia


Compartilhe:

Publicado por

em

Walfredo Tadeu

Marcos Iniciais da Conquista e ocupação da Amazônia durante a Fase Colonial.

A ocupação européia na Amazônia de forma efetiva inicia-se no séc. XVII, provocado pelo temor da presença de holandeses, franceses e ingleses que em busca de riquezas, penetraram no território amazônico.

Os espanhóis alteraram a estrutura social, mas utilizaram formas de exploração presentes naquelas nações.

Os portugueses desarticularam a estrutura de trabalho do indígena, através de três formas:

O descimento, que consistia no “convencimento” do indígena a descer para as missões;

O resgate, que consistia na troca de mercadoria por prisioneiros de guerra inter-tribais;

A Guerra justa, que consistia na condução violenta do indígena a descer para as missões;

Vários grupos indígenas (Mura, Torá, Pacaas Novas) deslocaram-se para a região do Madeira – Guaporé, provocando conflitos inter-tribais pelo domínio territorial.

O Tratado de Tordesilhas (1494) marco da Partilha Colonial entre portugueses e espanhóis estabeleceu a posse do Amazônia para os Castelhanos.

O 1º Tratado de Utrecht (1713), assinado entre França e Portugal, confirmando o Oiapoque com fronteira entre aqueles países.

O 2º Tratado de Utrecht (1915), assinado entre Portugal e Espanha, deixou sem solução a questão do Oeste, promovendo novos focos de tensão;

O Tratado de Madri (1750), que justificado pelo “uti possidetis de facto” (usucapião) ou seja a terra pertence a quem ocupa de fato. Esse tratado fixou a linha de fronteira no extremo norte e oeste, a partir dos Cursos dos rios Guaporé e Mamoré, até o curso intermediário do Madeira, na altura da atual cidade de Humaitá, consolidando as fronteiras lusitanas nas margens orientais;

Desde o séc. XVII, os lusitanos construíram diversas fortificações na fronteira norte e oeste entre eles estão Forte Príncipe do Beira, O Forte Coimbra e o Forte de Macapá.

No Rio Madeira, após a penetração de diversas expedições e principalmente a de Raposo Tavares (1647 – 1650), os jesuítas fundaram uma missão na foz, do mesmo rio, chamada de tupinambarana.

A parte do oeste extremo brasileiro foi colonizado pela mineração, gerando contendas e conflitos entre as coroas ibéricas;

No ano de 1730, seguindo os cursos do ouro do centro – oeste, os irmãos Fernando e Artur Paes de Barros, encontraram o metal precioso no Vale do Guaporé;

Em 1748, a coroa lusitana, desmembrou de São Paulo a Capitania do Mato Grosso, visando fiscalizar de forma mais rigorosa a extração de ouro.

Em 1752, Antonio Rolim de Moura fundou a capital Villa Bella, o Forte Nossa Senhora da Conceição e promoveu a colonização da região.

Em 1759 é fundado o povoado de Nossa Senhora do Salto Grande do Rio Madeira (atual Teotônio) sob os auspicíos do Juiz-de-fora Teotônio da Silva Gusmão.

A Economia Colonial tinha com o sustentáculo a mineração, mas praticava-se a agropecuária, que era uma atividade complementar e ainda subordinado aos interesses da mineração e da política de proteção das fronteira. A mão-de-obra era escravo-silvícola. Além disso, ocorreu o comércio, a capitania importava escravos, tecidos, utensílios e alimentos. O transporte era feito pelos rios e no trecho terrestre em lombos de burros (tropas de muares). A região exportava ouro, drogas do sertão. O Monopólio do comércio era da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão (1756 – 1777), realizado pela rotas de monções do norte (Amazonas, Madeira e Guaporé).

A Sociedade Colonial do Guaporé era comandada por uma elite branca, que controla as minas e lavras e ainda os altos cargos da administração pública. Era uma sociedade escravista e com pouca mobilidade social, onde a posição social era definida pela cor. Abaixo da camada, dominante aparecia um grupo médio, dominado pelos mestiços, que possuíam pequenas propriedades e pequenos grupos de escravos ou ainda funcionários de baixo escalão. Na parte baixa apareciam os índios, que tiveram utilidade como braço de trabalho.

As doenças, tropicais assolavam a região principalmente a malária, febre tifóide, febre amarela, pneumonias e máculo. Além disso, várias vezes a região foi impregnada por epidemias de varíola, sarampo, beribéri e tifo.

Outro traço marcante foi a servidão negra que ativou a economia regional, a colonização e a fixação portuguesa na região. O maior Quilombo da região foi o do Piolho ou Quariterê, na fase da Rainha Teresa de Benguela

O Imperialismo do século XIX na Amazônia brasileira.

A corrida imperialista do século XIX desenvolvida pelos potências européias (Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha e Itália) E.U.A e Japão em busca de matérias primas e mercados consumidores de produtos industrializados atingiu a Amazônia brasileira pela atuação de ingleses e norte-americanos que na busca do látex e do controle da navegação fluvial, visava dominar setores estratégicos da economia amazônica.

Nesse contexto estudiosos e viajantes que passaram pela Amazônia defendiam sua internacionalização em benefício da melhoria da comercialização da produção econômica do Noroeste Boliviano.

Em 1852 sob pressão dos E.U.A e da Bolívia, o imperador Pedro II concedeu ao Visconde de Mauá, o Monopólio da Navegação dos rios da Amazônia.

Em 1867, foi assinado o Tratado de Ayacucho, entre Brasil e Bolívia, que definia a livre navegação pelos rios da Amazônia e concedia ao Brasil em definitivo, a região do Alto Madeira.

Em 1874, a Companhia Amazon Steam Navigation, de capital norte-americano, monopolizava a navegação fluvial do Amazonas, Madeira, Beni, Guaporé e Mamoré.

A Economia no Oeste Amazônico

O 1º Ciclo da Borracha

a descoberta da Vulcanização em 1839, por Charle Goodyear acelerou o interesse mundial pela hevea brasiliensis (denominada por La Conda-Mine), desencadeando uma corrida imperialista em busca da borracha amazônica.

A exploração do látex levou a formação de vastos seringais dominado pelos seringalistas ou coronéis de barranco. Os trabalhadores eram os seringueiros, que podiam ser nativos (mansos) ou nordestinos (brabos). O regime do toco ou barracão, era a forma de trabalho, utilizada, que condenava o seringueiro a dúvida eterna do seringalista.

O Comércio era realizado pela casas de aviamento de Belém e Manaus.

A exploração da borracha, nos vales do Madeira Mamoré e Guaporé era realizado por seringueiros bolivianos, entre eles estavam a Empresa Suarez & Hermano D. Ramon, D. Inácio Arauz, D. Pastor Oyola e Santos Mercado.

Durante este 1º Ciclo, os Nordestinos ocuparam e interiorizaram a exploração da borracha pelo Oeste Amazônico, desbravando os vales do Rio Juruá, Purús, Acre, Madeira e Javari.

A concorrência da borracha da Malásia e Cingapura derrubou os preços da borracha Amazônica, a partir de 1912.

A borracha e as tentativas de Construção da E. F. M. M

A idéia de ligar a Bolívia ao oceano atlântico, remonta aos meados do século XIX, quando os bolivianos perderam o canal de Antofogasta para o Chile, região de acesso dos produtos bolivianos para o oceano pacífico.

Foi o General Quentin Quevedo que em 1861, levantou duas hipóteses para ultrapassar o trecho encachoeirado do Madeira, a sua canalização ou a construção de uma ferrovia.

Em 1871 é criada a Madeira Mamoré R. Companny sob a direção de George Earl Church.

Entre 1873 e 1881 foram realizadas duas tentativas de construção da ferrovia a primeira pela Public Works, inglesa e a Norte Americana PeT. Collins. Esta última assentou 7km de trilho.

O governo brasileiro impede a falência da M. M. R. CO.

O Tratado de Petrópolis e a Construção da Ferrovia Madeira Mamoré.

A questão do Acre (1899-1902), promoveu a assinatura do T. de Petrópolis em 1903 que definia a compra da Região do Acre por 2 milhões de libras esterlinas e viabilizava a construção do E. F. M. M por parte do governo brasileiro, interessado na borracha do Acre e do noroeste boliviano.

As obras foram reiniciadas em 1907, pela empresa May, Jekill e Randolph, que pertencia a Percival Farquar, americano que comprara a concessão de construção do Engenheiro Joaquim Catramby.

As condições sanitárias de Santo Antônio, fizeram com que a Empreiteira transferi-se para 7km abaixo do ponto inicial da Ferrovia, surgindo daí a cidade de Porto Velho.

No ponto final da ferrovia encontra-se a cidade de Guajará-Mirim, que possuía vastos seringais explorados pela Guaporé Rubber Company, capitaneado por Paulo Saldanha.

A LINHA TELEGRÁFICA MATO GROSSO – AMAZONAS

A Comissão Rondon realizou a obra de ligação telegráfica entre Cuiabá e Santo Antônio do Rio Madeira, promovendo a ruptura do isolamento foram do, oeste amazônico.

Os trabalhos iniciaram no ano de 1907, no governo Afonso Pena e foram concluídas no ano de 1912 no Governo Hermes da Fonseca.

As picadas abertas na mata, serviriam anos depois para a trilha da Br – 029 (atual 364) e proporcionou o surgimento de povoados que transformaram-se em municípios do Estado (Vilhena, Pimenta Bueno e Jarú).

O ponto Final da linha telegráfica ultrapassou Santo Antônio do Rio Madeira e chegou a Porto Velho (Estado do Amazonas).

 

A E. F. M. M e o Município de Porto Velho.

A May, Jekill e Randolph transferiu o pátio de operações para 7km abaixo da Corredeira de Santo Antônio, dando origem ao povoado de Porto Velho, que foi transformado em município em 02 de outubro de 1914, subordinado ao Estado do Amazonas.

O primeiro superintendente foi o Major Fernando Guapindaia de Souza Brejense, que teve problemas com os administradores da Ferrovia.

A cidade iniciava-se na linha divisória (atual Presidente Dutra), possuindo aproximadamente 1.500 habitantes e os bairros Alto do Bode, Baixada União, Triângulo e Olaria.

O TERRITÓRIO FEDERAL DO GUAPORÉ.

A Elevação da região em Território Federal está intimamente ligado a liderança e atuação de Aluízio Ferreira, que articulou as forças para atingir a emancipação.

A Crise da Borracha Amazônica provocada pela concorrência da Malásia, originou o abandono dos seringais e a conseqüente retirada da empresa de Farquar da administração da E. F. M. M.

Em 10 de julho de 1931 inicia-se a intervenção do governo brasileiro na Ferrovia, já em 1937 o contrato é rescindido e a Ferrovia é estatizada.

A Ferrovia funciona até 1972, quando é sucateado pelo 5º Batalhão de Engenharia e Construção.

Durante a Crise da Borracha amazônica nas décadas de 1920 e 1930, nem os grandes empreendimentos resistiram, como é o caso da Ford lândia, grande projeto de produção do henes no Pará de propriedade do norte americano Henry Ford.

O advento do 2ª Grande Guerra e o controle japonês sobre a Malásia e Cingapura, promoveram nova corrida pela borracha amazônica.

Em 1942 foram assinados os acordos de Washington, que visavam implementar um programa denominado guerra pela borracha.

Grandes levas de nordestinos chegaram a região, foi ainda criado um programa de sanitarização de algumas regiões.

O Governo Brasileiro criou o Banco da Borracha, a Rubber Corporation e a Sava (Superintendência de Abastecimento do Vale Amazônico) com o intuito de quebrar a estrutura arcaica do aviamento, mas não obtiveram sucesso.

Em 13 de Setembro de 1943, foi criado o Território Federal do Guaporé, com terras desmembradas do Mato Grosso, e do Amazonas, contando, com 04 municípios: Porto Velho (capital), Lábrea, Guajará-Mirim e Santo Antônio.

O primeiro governador foi o Major Aluízio Ferreira que logo após tornou-se Deputado Federal pela região, e chefe do grupo político Cutuba (situação), que conflitava-se com os Peles Curtas, sob a liderança de Joaquim Vicente Rondon e Renato Medeiros.

Em 1944 ocorreu a reorganização do mapa do território do Guaporé, que passou a contar com 02 municípios – Porto Velho e Guajará-Mirim.

Em 1956, o Território do Guaporé passou para Território Federal de Rondônia na mesma época do Governo J.K foi iniciado a abertura da BR – 029 (atual – 364) que auxiliou no novo surto migratório para a região juntamente com os garimpos de Cassiterita e pedras preciosas.

O ESTADO DE RONDÔNIA

Os surtos migratórios da década de 70 ao longo da Br – 364, os garimpos de cassiterita e pedras preciosas, a crise estrutural do sistema de territórios federais foram fatores determinantes para desencadear campanhas em prol da elevação de Rondônia à categoria de Estado.

A partir do governo do Coronel Humberto da Silva Guedes já denotava os caminhos profícuos para a emancipação, culminando com a criação de novos municípios e o fortalecimento da imagem de Eldorado da Amazônia.

Em 1979 chega a Rondônia, indicado pelo ministro Mário Andreazza, com total respaldo do Pres. João Figueiredo, o condutor da elevação do Território em Estado, o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, que toca a preparação final da estrutura e conjuntura para a grande salto.

Em 22 de dezembro de 1981 é criado Estado de Rondônia, e em 04 de Janeiro de 1982, O Estado é instalado, tendo como seu 1º governador o Cel. Jorge Teixeira.

BIBLIOGRAFIA

Hugo – Victor – Desbravadores. Rio de Janeiro. C. B. A. G – 1991.

Pinto – Emanuel Pontes, Rondônia, Evolução Histórica, A Criação do T. F. G, Fator de Integração Nacional, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1993.

Teixeira – Marco Antônio Domingues & Fonseca, Dante Ribeiro, História Regional (Rondônia), Porto Velho. Rondoniana. 1998

Compartilhe: