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Manaus sofre maior número de sepultamentos desde o começo da pandemia
Manaus – O último domingo (26) foi marcado pelo maior número de sepultamentos desde o início da pandemia de coronavírus no Amazonas. Foram realizados 140 enterros e duas cremações, de acordo com a Prefeitura de Manaus. O número expõe um contraste gritante comparado com a média antes da pandemia, em que ocorriam cerca de 30 enterros diários.
Apesar dos números de mortes alarmantes, apenas 10 tiveram a causa confirmada por Covid-19, expondo a falta de diagnósticos que gera a subnotificação de casos no estado. O Amazonas registrou 3.833 pacientes com coronavírus e 304 vítimas, conforme o último boletim divulgado no domingo, mas o número pode ser muito maior pela ausência de testes em massa.
Do total de 142 óbitos, 41 aconteceram em domicílio. Outras 47 pessoas morreram por síndrome ou insuficiência respiratória, e mais 28 tiveram no atestado o registro de causa indeterminada ou desconhecida.
Sepultamentos
A Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), que gerencia os cemitérios públicos de Manaus, divulgou, que desde o dia 19 deste mês, os cemitérios públicos tem ultrapassado os cem enterros diários, a maioria no cemitério Nossa Senhora Aparecida, bairro Tarumã, Zona Oeste. Nesse período, já são mais de 1,5 mil registros, um aumento de quase 300%, em 16 dias.
Com o aumento na demanda, o município firmou parceria com crematório, instalou contêineres frigoríficos no cemitério Nossa Senhora Aparecida e adotou sistema de ‘’trincheiras’’ para sepultamento, preservando a identidade dos corpos e os laços familiares.
Segundo o jornal O Globo, “após completar sete dias seguidos com mais de 100 óbitos por dia, a capital do Amazonas vê o colapso no sistema funerário se intensificar. E o prazo para evitar que faltem caixões para os mortos fica ainda mais apertado.”
O presidente do Sindicato das Empresas Funerárias do Amazonas, Manoel Viana, afirmou que o aumento de enterros prevê que, em menos de 10 dias, o estoque de caixões se esgote, enquanto a Prefeitura de Manaus, responsável pelo SOS Funeral, reforçou que o serviço está abastecido para atender a demanda.
Colapso na saúde
O aumento de mortes é o resultado da situação de colapso que o serviço de saúde pública no Amazonas sofre. Segundo dados do governo, quase 90% dos leitos totais para pacientes com Covid-19 estão ocupados, e profissionais da saúde reclamam da falta de condições de trabalho nos hospitais.
Os funcionários do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, no bairro Adrianópolis, Zona Centro-Sul de Manaus, protestaram nessa segunda-feira (28), em frente ao local e denunciam a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), sobrecarga de trabalho e falta de auxílio por insalubridade.
Em entrevista à rádio Tirantes, no dia 17 de abril, o governador Wilson Lima (PSL) falou da preocupação do que ainda podia acontecer no sistema de saúde do Amazonas por conta do grande número de infectados pelo Covid-19.
“Vai chegar o momento em que teremos convulsões e revolta. Em algum momento, nosso sistema de saúde não terá condição de atender todo mundo. Em algum momento, como já estamos vendo em unidades hospitalares, não vou mais ter onde colocar corpos.”