Conectado por

Rondônia, terça, 23 de abril de 2024.

Executivo

Mulheres negras que contribuíram com a história de Porto Velho receberão homenagens


Compartilhe:

Publicado por

em

Dez mulheres negras in memoriam e outras dez em vida serão premiadas em evento no Teatro Banzeiros

Mestre Eunice foi peça importante para a construção da UnirMestre Eunice foi peça importante para a construção da UnirA entrega do I Prêmio Mulheres Negras acontece em Porto Velho nesta quinta-feira (17), no Teatro Municipal Banzeiros, a partir das 19h. O evento, que é coordenado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Família (Semasf), vai homenagear mulheres que ajudaram e ajudam a escrever a história de Porto Velho.

Ao todo, dez mulheres negras in memoriam e outras dez em vida devem receber as homenagens, sendo que as premiadas em vida receberão uma estatueta de Teresa de Benguela, mulher que tornou-se símbolo de liderança, força e luta pela liberdade, confeccionada pelo artista plástico Bruno Sousa, através de uma parceria com a Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho (Semdestur), e os representantes das homenageadas in memorian receberão certificados de reconhecimento.

Entre as mulheres homenageadas está a professora e mestre Eunice Luiza Johnson Batista, de 80 anos. A educadora é filha de pai imigrante da ilha caribenha de Granada, que migrou para o Brasil em razão da construção da lendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM). Entre seus grandes feitos para a cidade de Porto Velho, Eunice lembra que foi peça importante para a construção da Universidade Federal de Rondônia (Unir), dado que foi necessária a contratação de professores mestres para que o Ministério da Educação (MEC) aprovasse a abertura da instituição no estado.

“Estavam chamando profissionais de fora, já que era preciso contratar uma certa quantidade de mestres. Até que eu fui chamada e permaneci colaborando lá com a educação por 30 anos. Muitos médicos, professores e autoridades de hoje foram meus alunos”, contou.

Eunice conta que nada foi conquistado sem luta, porque o racismo prevalecia. “Eu não conquistei nenhuma letra sem luta. Muitas pessoas diziam na época que era pra contratar profissionais ‘mais interessantes’. E esse interessante queria dizer para pessoas com a pele mais clara. Por todas as vezes que senti o preconceito e que perdi alguma oportunidade por causa da minha raça, eu digo que tenho orgulho de ser negra e de me aceitar como negra. Eu agradeço muito por ser premiada pela Prefeitura. Vejo isso como o reconhecimento por tudo que eu fiz para ver a minha região crescer e para a minha negritude ser exaltada com todos meus feitos”, falou Eunice.

Professora Úrsula ajudou na estruturação educacional na transição do TerritórioProfessora Úrsula ajudou na estruturação educacional na transição do TerritórioA professora Úrsula Depeiza Malorey, de 86 anos, descendente de pai imigrante da ilha caribenha de Barbados e que também migrou para o Brasil devido à construção da EFMM, contribuiu com a educação porto-velhense por 44 anos. Durante seu tempo de trabalho, a educadora colaborou na estruturação da área educacional no importante processo de transição do Território para Estado.

“Eu sou de um tempo em que a gente trabalhava o ano inteiro e recebia duas vezes no ano. Está no meu sangue esse amor pela educação e por isso agradeço o reconhecimento, até porque as pessoas atuais não nos conhecem mais. Saber da nossa história também é uma forma de contar a história da educação do nosso estado. Fico muito feliz de ser lembrada pelo que fiz como educadora ainda em vida”, disse Úrsula.

Além de Eunice e Úrsula, também recebem a premiação Ivana Frazão Tolentino, Luana Schockness Vieira, Marcela Bonfim, Marcele Regina Nogueira Pereira, Marinilde Helena da Silva Santos, Olguimar Angelica Cruz, Oseane Alves Marques e Régia de Lourdes Ferreira Pachêco Martins.

As mulheres homenageadas in memoriam que ajudaram a escrever a história de Porto Velho são: Aurélia Banfield, Berenice Eliza Johnson Silva, Ceci Bittencourt, Filomena Suzana Denny,
Geny Moreira, Lucinda Shockness Bentes, Mãe Esperança Rita da Silva, Ruth Conde Shockness, Silvana Mota Davis Lourenço e Violeta Hespina Jones Alleyne.

Luana Shockness canta e encanta na cena musical de Porto VelhoLuana Shockness canta e encanta na cena musical de Porto VelhoPREMIAÇÃO

O prêmio acontece por determinação da Lei Nº 2.833, de 20 de julho de 2021, que inclui no calendário do município o dia 25 de julho como Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha.

A programação do evento vai contar com apresentações musicais do músico Kasan e da Orquestra Chorus, além de um breve bate-papo sobre o histórico da mulher negra em Porto Velho, com a professora doutora Sônia Sampaio.

A Prefeitura de Porto Velho homenageia a história das mulheres negras, pois elas carregam consigo historicamente a luta contra escravidão, a construção do país, a resistência e combate ao machismo e racismo. Todas elas precisaram se reinventar e fugir dos padrões para encararem seus sonhos e conquistar um futuro melhor para seus filhos e para o desenvolvimento da cidade.

Além de instituir o dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, a administração municipal resolveu homenagear, anualmente, 20 mulheres negras, sendo 10 em memória, que prestaram relevantes trabalhos para a sociedade no município nas áreas de educação, saúde, esporte, cultura, empreendedorismo, sociedade civil organizada, política e judiciário.

Texto: Beatriz Galvão
Foto: Wesley Pontes/ Arquivo

Superintendência Municipal de Comunicação (SMC)

Compartilhe: