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Rondônia, segunda, 29 de abril de 2024.

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Metaverso em queda: ações e criptomoedas despencam até 35% em 2022


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Duas narrativas estão em jogo na batalha pelo futuro do metaverso: de um lado as plataformas corporativas baseadas em modelos de centralização do poder econômico e de governança; do outro, as plataformas descentralizadas que encampam o espírito não hierarquizado e de distribuição de valor entre os usuários da rede, próprio às criptomoedas. Qual será o vencedor ainda é cedo para dizer, mas nesse momento ambos estão perdendo.

Depois da decepção com os resultados do último trimestre de 2021 que liquidaram US$ 200 bilhões do valor de mercado da Meta neste começo de ano, agora foi a vez dos papéis da Roblox registrarem uma queda de 24% com a divulgação que os lucros da empresa ficaram abaixo do esperado, informou reportagem da Fortune publicada nesta quarta-feira, 16.

A Roblox é uma plataforma de jogos que permite aos usuários criar seus próprios “mundos” interativos. Trata-se da primeira grande empresa trabalhando abertamente no metaverso a abrir o capital no IPO realizado há pouco menos de um ano. O modelo de negócios da empresa baseia-se em uma moeda virtual, o Robux, a qual os jogadores precisam adquirir para comprar itens digitais no jogo.

A plataforma é muito popular entre os adolescentes e sua base de usuários explodiu durante os primeiros meses da pandemia do coronavírus. Na terça-feira, dia 15, no entanto, a empresa deu a entender que daqui por diante o crescimento não se dará exatamente conforme o esperado.

Embora tenha relatado um crescimento do número de usuários de 33% em 2021 com relação ao ano anterior, os US$ 770 milhões em receitas capturados pela plataforma de games no quarto trimestre ficaram abaixo do esperado pelo mercado. A empresa também relatou uma uma perda de US$ 0,25 por ação, bem acima do esperado US$ 0,13. Por fim, suas “reservas” — termo que se refere à quantidade de dinheiro que os jogadores do Roblox gastam na moeda virtual do jogo — também ficaram aquém do que previam os analistas.

Recentemente, a empresa anunciou parcerias com empresas como a Nike e a NFL, mas isso não parece ser suficiente para manter a confiança dos investidores. Como acontecera com a Meta anteriormente, a desvalorização das ações da Roblox aponta para uma reversão de tendência sobre as expectativas do mercado tradicional sobre o metaverso. Pelo menos no curto prazo.

Embora Meta e Roblox liderem o movimento de queda, com variações negativas de 34,7% e 25,8% desde o início do ano, respectivamente, outras ações de empresas focadas no desenvolvimento de produtos e serviços para o metaverso também estão no vermelho.

As fabricantes de chips e semicondutores AMD e Nvidia também tiveram bilhões subtraídos de seus valores de mercado com quedas de 19,2% e 12% no preço de suas ações, respectivamente, desde o começo do ano. Completam a lista a Marvell Technology, dedicada à fabricação de hardware para datacenters, e a Microsoft, que também vem direcionando parte de seus esforços no desenvolvimento de softwares para ambientes digitais imersivos. Ambas registram perdas de 17,1% e de 10,2% desde o princípio de janeiro.

Ao anunciar o reposicionamento da marca do Facebook com foco na construção do metaverso em outubro do ano passado, o próprio Mark Zuckerberg admitiu que a materialização destes novos ambientes virtuais pode demorar até dez anos para acontecer.

Nesse momento, os investidores do mercado tradicional estão reposicionando seus portfólios para ativos tangíveis, com utilidade imediata no mundo real, sugere a reportagem da Fortune.

Metaverso descentralizado

A situação no mercado de criptomoedas no que diz respeito aos tokens do metaverso não é muito diferente. Os cinco maiores em termos de capitalização de mercado também apresentam resultados negativos desde o começo do ano até aqui.

De acordo com dados do CoinMarketCap, o metaverso Decentraland é o líder em termos de capitalização de mercado e também o projeto cujo token tem o desempenho menos pior neste início de 2022. Cotado a US$ 3,19 na tarde desta quarta-feira, 16, as perdas do token MANA se limitam a 1,9%.

Em segundo lugar no ranking de perdas está o ENJ, token nativo da Enjin, uma plataforma que fornece um ecossistema completo baseado na rede Ethereum para que desenvolvedores e usuários possam criar, gerenciar, negociar, distribuir e integrar ativos digitais com diferentes finalidades.

O foco principal da Enjin, no entanto, está no mercado de games e NFTs, os quais, apesar da queda generalizado mercado, se mantiveram aquecidos em 2022. No entanto, do início de janeiro para cá, o ENJ acumula perdas de 25,9% e atualmente está cotado a US$ 1,90, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Em seguida vem o token nativo da Gala Games, uma plataforma que serve de base para diferentes jogos play-to-earn. Cotado a US$ 0,3305, o GALA desvalorizou em 26,6% desde o começo deste ano, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Apesar das inúmeras novidades e parcerias anunciadas já em 2022 com nomes de peso do setor de entretenimento, o token do metaverso The Sandbox já caiu 29,6% desde 1º de janeiro, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Fecha a lista amargando as maiores perdas o AXS, token do game play-to-earn Axie Infinity. Fenômeno da indústria de jogos em blockchain no ano passado, o Axie Infinity vem enfrentando problemas em seu modelo econômico em função de seu próprio sucesso.

Recentemente, a Sky Mavis, empresa responsável pela criação do jogo, anunciou uma série de medidas para tentar solucionar os gargalos que provocaram a desvalorização de todos os tokens do ecossistema do Axie Infinity. Embora tenha recuperado parte das perdas acumuladas desde novembro após a divulgação das novas regras, o AXS está cotado a US$ 62,99 hoje, e registra perdas da ordem de 32,7% ao longo de 2022.

Desempenho dos Top 5 tokens do metaverso de 1º de janeiro a 16 de fevereiro de 2022TradingView/Reprodução

Apesar do recente ceticismo dos mercados com as ações e os tokens do metaverso, a adesão de grandes marcas e usuários à promessa em construção de ambientes virtuais emergentes aumenta dia a dia. O banco de investimentos JPMorgan, a rede de supermercados Carrefour, e o McDonalds são apenas os últimos a anunciar planos de abrir instalações no metaverso.

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Fonte: Revista Exame

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