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Rondônia, sexta, 26 de abril de 2024.

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Amanhã encerra a reserva do IPO da CSN Mineração; vale a pena investir?


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Acaba nesta quinta-feira, 11, o período de reserva para pequenos investidores entrarem na oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da CSN Mineração, uma das mais aguardadas do ano.

A companhia, a segunda maior exportadora de minério de ferro do Brasil (atrás apenas da Vale), pode levantar até 7,16 bilhões de reais com a operação, considerando o preço médio da faixa indicativa, que vai de 8,50 reais a 11,35 reais por ação, e a venda de todas as ações, incluindo os lotes adicional e suplementar. 

A precificação da oferta está prevista para a próxima sexta-feira, 12, com a estreia na B3 programada para o dia 18, sob o código CMIN3.   

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Para fazer a reserva de ações da companhia, o investidor precisa avisar a sua corretora sobre quantos papéis gostaria de comprar no IPO e por qual preço. O valor mínimo para participar é de 3.000 reais, e o máximo, de 1 milhão de reais.

Os investidores de varejo que concordarem com o lock-up terão prioridade na oferta, mas não poderão alienar ou alugar suas ações pelo prazo de 40 dias corridos após a conclusão do IPO. Um montante de, no mínimo, 8% do total de ações (considerando ações adicionais e suplementares) será alocado aos investidores de varejo que concordarem com o lock-up. Os que aderirem à oferta sem lock-up terão garantido o direito de participar de, no mínimo, 2% do total da oferta.

Serão distribuídas 533,9 milhões de ações, sendo 30% (161,2 milhões de ações) na oferta primária (quando os recursos vão para o caixa da empresa) e o restante na secundária (quando acionistas vendem seus papéis). A companhia pode colocar mais 20% (até 107 milhões de ações) na operação em um lote adicional, e tem a possibilidade ainda de adicionar um lote suplementar de 15% (ou 80 milhões de ações) da oferta base. 

Coordenam a oferta os bancos Morgan Stanley, XP, Bank of America, Fibra, Citi, Santander, Safra, Bradesco BBI, BTG, Caixa e UBS BB. 

Vale a pena participar do IPO?

Os analistas divergem sobre o IPO da companhia: enquanto a Eleven Financial recomenda participar da oferta até o meio da faixa indicativa (em 9,93 reais), a Suno Research optou por não aderir, alegando não ter encontrado margem de segurança adequada e não ver os preços como atrativos. 

No caso da Eleven, os analistas Tasso Vasconcellos, Felipe Ruppenthal e Lucas Chaves, que assinam o relatório, comentam que a indicação está respaldada no bom momento para o setor de mineração, com os preços da commodity em patamares recordes dos últimos cinco anos, e nos projetos de crescimento da empresa.

O preço-alvo dos papéis é de 13,50 reais, o que implica um potencial de valorização de 36% em relação ao limite de preço de entrada indicado pela casa de análise.  

Em relação ao valuation, eles dizem que, considerando o preço médio da faixa, a CSN Mineração negociaria a 4,9 vezes o múltiplo valor da firma sobre geração operacional de caixa (EV/Ebitda) estimado para este ano, o que ficaria ligeiramente acima da sua própria controladora CSN (CSNA3), de 4,6 vezes. “Esse múltiplo reforça a nossa recomendação de entrada na oferta até o meio da faixa”, ressaltam. 

Para efeitos de comparação, a esse múltiplo, a CSN Mineração seria negociada com desconto em relação à média das mineradoras internacionais, como Rio Tinto e BHP (de 5,75 vezes o EV/Ebitda estimado para este ano), mas superior à Vale, que atualmente negocia a 3,2 vezes. 

“Apesar de estar em linha com os múltiplos operacionais das demais empresas do setor, a companhia possui projetos de crescimento significativos, que visam dobrar de tamanho até 2025 e triplicar até 2033. Nenhuma empresa do segmento possui projetos dessa magnitude e se a empresa conseguir implementá-los acreditamos que será excelente para a companhia e seus acionistas”, destacam.

No entanto os analistas ponderam que, no passado, a empresa falhou em entregar um projeto de mesmo tamanho, o que os levou a considerar na avaliação somente os projetos com licenças concedidas e com estágios de engenharia já em algum grau básico. 

Eles apontam que a empresa é uma forte geradora de caixa, com margens operacionais elevadas. A política de dividendos é distribuir entre 80% e 100% dos lucros aos acionistas. Com isso, eles estimam que a empresa possa alcançar um dividend yield de 3% em 2021 (considerando uma taxa de payout — a porcentagem do lucro distribuída em forma de dividendos — de 25%), mas chegando a 9% após a fase dos investimentos iniciais, o que, para eles, seria em 2026 quando consideram no cálculo um payout de 80%.

Entre os principais riscos da tese, os analistas destacam uma deterioração mais rápida do que o esperado no preço do minério e a capacidade da companhia de executar seus planos de crescimento.  

Por sua vez, o analista Rodrigo Wainberg, que assina o relatório da Suno, ressalta que a CSN Mineração dispõe de um projeto ambicioso de triplicar sua produção de minério de ferro em 13 anos, mas que não existe histórico recente de gerenciamento de projetos dessa magnitude que tenha um retrospecto positivo por parte da companhia.

Além disso, aponta que o investidor deve ter cuidado com alguns pontos da companhia, como, por exemplo, a alta concentração de receita em poucos clientes, o controlador e a questão de segurança de barragens.

Wainberg destaca também que os resultados financeiros da empresa são muito ligados ao dólar e preço do minério, sendo esses dois principais motivos para explicar a melhoria de suas margens e receitas nos últimos anos. Contudo, lembra que, em um passado recente, quando os preços do minério também dispararam, houve uma inundação de oferta nesse mercado. “Preços elevados atraem mineradoras ineficientes, aumentando a oferta e, consequentemente, diminuindo os preços dessa commodity no médio prazo”, comenta.

Nos nove primeiros meses de 2020, a CSN Mineração registrou receita operacional líquida de 8,9 bilhões de reais, ante 8,2 bilhões de reais no mesmo período de 2019. O Ebtida ficou em 5 bilhões de reais, contra 4,7 bilhões de reais um ano antes. Já o lucro líquido recuou de 2,9 bilhões nos nove primeiros meses de 2019 para 2,7 bilhões no mesmo intervalo do ano passado.

Fonte: Revista Exame

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