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Rondônia, segunda, 20 de maio de 2024.

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Os fios da liberdade e o resistir da vida


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*Livia Marques, psicóloga

A inferioridade do racismo é observada até nos comentários sobre os cabelos. Até pouco tempo, um experiente apresentador de programa de TV fez um comentário racista sobre o cabelo de uma bailarina negra. O absurdo não parou por aí. Ainda foi comentado, ao vivo, que outra pessoa da equipe do programa relatou ter visto um piolho.


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Outra situação aconteceu durante um evento do exterior em que duas convidadas brasileiras sofreram racismo. Os cabelos de ambas as pessoas negras foram atacados e novamente com uma história com piolhos.

Talvez alguns comentem que elas foram fortes ao encarar, ao permanecerem no palco, ao lerem a carta com o relato. No entanto, a reflexão não é sobre ser forte ou ter coragem. É também sobre o cansaço diário e o não querer passar por tamanha violência, que adoece, inferioriza e desumaniza pessoas constantemente.

Não é saudável entrar em uma apresentação ou ir assistir a uma aula com medo de ser atacado ou ofendido. Ou ter medo de ser uma pessoa apontada por seus traços e cabelos ou de ser alguém que não merece respeito.

Essas situações acontecem diariamente com pessoas negras por conta da história colonizadora e do processo de escravidão no país. Crianças vivenciam isso. Adolescentes e adultos são atacados e muitos evitam o embate por receio de serem colocados no lugar de serem raivosos e descontrolados.

Pessoas negras não podem, segundo o racismo, terem a própria percepção. Não podem se expressar, muito menos serem assertivas. Mas as marcas do próprio período de escravidão no Brasil mostram no cotidiano, em 2024, o quanto é indesejável e, por vezes, até perigoso que pessoas negras coloquem seus desejos e suas opiniões.

Para essas pessoas, só sobra o lugar de subjugação, o de não expressar o que deseja e o que sente por medo da rejeição. Além da ansiedade, isso gera sintomas físicos e psicológicos que podem ser vistos em forma de procrastinação, tremores ao expor suas opiniões, níveis altos de culpa, além do isolamento social.

Quem pode e tem o direito ao viver e esperançar? Nessas reflexões, deixo também o meu questionamento para as pessoas que se dizem aliadas no processo antirracista. Como estão agindo diante de ações realmente concretas?

É preciso sempre reverberar a discussão sobre a importância de um ambiente saudável para essa população, pois muitos estão adoecendo, cansados de toda essa situação. Os momentos de prazer, alegrias e cuidado são mais do que necessários nessa construção do bem viver para a população negra.

(*) Psicóloga Clínica, Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental, Formação em Terapia do Esquema, Estudiosa em relações raciais e saúde mental negra, Palestrante, MBA em Gestão de Pessoas, Coordenadora editorial e autora.

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