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Rondônia, quinta, 18 de abril de 2024.

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A semana de cinco dias de escritório acabou?


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A maioria dos trabalhadores americanos não tem pressa em voltar ao escritório em tempo integral, mesmo depois que o coronavírus estiver sob controle. Mas isso não significa que queiram trabalhar em casa para sempre. No futuro, segundo uma variedade de novos dados, provavelmente eles terão semanas de trabalho divididas entre escritório e casa.

Levantamentos recentes mostram que tanto funcionários quanto empregadores apoiam esse acordo. E pesquisas sugerem que alguns dias por semana em cada local seria o número mágico para anular o lado negativo de cada modalidade, ao mesmo tempo que se colhem os benefícios de ambas.

“Você nunca deve pensar em tempo integral ou em tempo zero. No pós-Covid, acredito firmemente em metade do tempo no escritório”, disse Nicholas Bloom, professor de economia da Universidade Stanford, cuja pesquisa identificou ligações causais entre trabalho remoto e desempenho dos funcionários.

De acordo com uma nova pesquisa da Morning Consult, 47 por cento dos que trabalham remotamente afirmam que, quando for seguro voltar ao trabalho, seu modelo ideal seria continuar trabalhando em casa de um a quatro dias por semana. Quarenta por cento trabalhariam em casa todos os dias, e apenas 14 por cento voltariam ao escritório todos os dias.

É provável que o grupo de trabalhadores que é capaz de trabalhar em casa tenha mais formação educacional, com maiores rendimentos, e tenha escapado até agora de um desemprego maior na pandemia. Isso pode mudar à medida que a economia continua a sofrer, o que, segundo analistas, talvez afete as políticas de trabalho de diferentes maneiras: os empregadores podem entrar em pânico e voltar a adotar velhos costumes, ou incentivar o trabalho remoto para reduzir os custos imobiliários.

Na Pesquisa de Incerteza Empresarial – do Fed de Atlanta, de Stanford e da Universidade de Chicago –, os empregadores previram que, após a pandemia, 27 por cento de seus funcionários em tempo integral continuariam trabalhando em casa, a maioria alguns dias por semana. Outras pesquisas com empresas mostraram que se espera que pelo menos 40 por cento dos funcionários continuem trabalhando remotamente.

Em todas as organizações, o trabalho foi mais eficiente quando os funcionários estavam em casa de um a dois dias por semana, mostrou uma pesquisa da Humu, empresa de tecnologia dirigida pelo ex-chefe de recursos humanos da Google.

“Isso cria uma mudança, em que o tempo de escritório seria para o trabalho colaborativo, para o trabalho inovador, para reuniões, e o tempo de casa seria para um trabalho focado”, observou Stefanie Tignor, diretora de dados e análises da Humu, que desenvolve ferramentas para estimular as pessoas a melhorar seu tempo produtivo.

Alguns experimentos passados com trabalho remoto nos Estados Unidos, como na Best Buy e no Yahoo, foram encerrados porque os gerentes decidiram que os trabalhadores remotos não se responsabilizavam o suficiente e perdiam a oportunidade de vivenciar a colaboração presencial.

Mas, em pesquisas sobre trabalho a distância, tem sido difícil provar que a localização dos trabalhadores é responsável por certos efeitos, além de saber se os efeitos seriam diferentes caso seus concorrentes, parceiros e clientes também estivessem trabalhando remotamente. Além disso, só nos últimos anos a tecnologia para chamadas de vídeo e colaboração virtual se aperfeiçoou.

Agora, a pandemia forçou o mundo corporativo americano a um experimento em larga escala com o trabalho remoto. E, até agora, os resultados têm sido em grande parte positivos – mesmo com as enormes tensões da pandemia, incluindo as escolas fechadas.

No levantamento da Morning Consult, realizado de 16 a 20 de junho com uma amostra representativa de 1.066 americanos que disseram que seu trabalho poderia ser feito remotamente, quase dois terços afirmaram ter gostado de trabalhar de casa, e apenas 20 por cento responderam que não (o resto disse que não sabia ou não tinha opinião). Três quartos estão satisfeitos com a forma como sua empresa lidou com a transição; apenas nove por cento não estão. Cinquenta e nove por cento seriam mais propensos a se candidatar a um trabalho que oferecesse trabalho remoto.

Dos 87 por cento que querem continuar trabalhando em casa alguns dias por semana, mesmo depois de ser seguro voltar ao escritório, a escolha mais favorecida entre todos os grupos demográficos é trabalhar remotamente de um a quatro dias por semana. As pessoas de 18 a 44 anos são ligeiramente mais propensas a dar preferência a esse modelo, assim como aquelas com nível universitário e renda mais alta. As mulheres são um pouco mais propensas do que os homens a dizer que querem trabalhar em casa todos os dias.

Algumas desvantagens do trabalho remoto persistem. A maioria das pessoas sente falta das conexões sociais do trabalho, segundo a pesquisa. No estudo que Bloom, o professor de economia de Stanford, fez com uma agência de viagens chinesa, metade dos trabalhadores remotos queria voltar ao escritório quando o experimento terminasse. Suas razões eram a solidão, o estigma e as penalizações em matéria de promoção. Essas e outras razões são os motivos pelos quais muitas empresas querem que os trabalhadores acabem retornando de alguma forma.

Uma configuração ideal de trabalho, de acordo com muitos, pode ser aquela em que todos trabalham em casa ou no escritório nos mesmos dias da semana, e todos sabem quais são os dias destinados à colaboração e ao trabalho focado. Isso pode ser difícil enquanto o coronavírus ainda for um risco grave, porque são recomendados horários escalonados para garantir o distanciamento físico nos escritórios.

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Fonte: Revista Exame

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