Conectado por

Rondônia, quarta, 24 de abril de 2024.

Artigos

É preciso que a maioria da sociedade rejeite já o bolsonarismo, com seus métodos violentos e antidemocráticos


Compartilhe:

Publicado por

em

 

RETICÊNCIAS POLÍTICAS –  Por Itamar Ferreira*

Chega! Passou dos limites! Não dá pra aceitar mais!

O Senhor Presidente da República ir à uma manifestação, em meio à pandemia mundial do coronavírus, para fazer discurso dizendo, na prática, que está no limite de sua paciência, cansado das “incômodas” regras democráticas, com três poderes independentes, que o impedem de fazer o que “lhe der na teia” é um inaceitável absurdo.

Neste domingo (03), discursando em mais uma manifestação que fazia apologia à ditadura e ao AI-5, que defendia abertamente o fechamento do Congresso Nacional e do STF, o presidente da República disse com todas as letras: “Peço a Deus que não tenhamos problemas nessa semana. Porque chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição.”

Como assim? Que o STF não ouse contestar nenhum de seus desmandos? Que o Senado e Câmara dos deputados não rejeitem os seus projetos? Que a imprensa deixe de fazer perguntas incômodas e reportagens que o desagradem? Pois o mandatário maior da Nação já chegou ao seu limite e “não tem mais conversa”?

É preciso superar a polarização nefasta dos últimos anos que dividiu a sociedade brasileira e buscar construir consensos mínimos como nação. Não importa que seja de direita, de esquerda ou da extrema-direita, é preciso retroceder um pouco ao tempo em que as divergências políticas tinham um grau mínimo de civilidade e de tolerância democrática, para convivência dos diferentes.

Por outro lado, o momento é propício para dar um “freio de arrumação” nos extremismos da extrema-direita e em outros extremismos. A postura de Bolsonaro, que causou o seu isolamento internacional, o transformou em um pária em todo mundo e motivo de chacota no Planeta, é uma das variáveis que inviabiliza seus arroubos golpistas..

A comunidade internacional, em especial as grandes potências, não teriam interesse em apoiar uma aventura golpista no Brasil, ainda mais motivada unicamente por um desejo pessoal do presidente de não aceitar as regras democráticas e institucionais comuns às outras nações. Também, os mercados financeiros, pois estes querem normalidade institucional e regras estáveis.

Já na sociedade brasileira o grupo de apoiadores que seguem cegamente Bolsonaro vem diminuindo de forma acentuada, principalmente, após a briga rumorosa com o ex-juiz Moro. Este grupo de seguidores está cada dia menor, mais barulhento e violento; como se viu neste final de semana nas cenas lamentáveis dos ataques à residência de um ministro do STF, nas agressões covardes à jornalistas e nas manifestações que clamam o retorno da ditadura militar.

Quanto mais radical e violento o bolsonarismo fica, menos apoio ele tem no conjunto da sociedade. Além disso, as Forças Armadas já declararam neste domingo (03) que o seu papel é defender a Constituição e que não embarcariam em aventuras.

Ou seja, já está na hora da sociedade brasileira reagir e dar um basta nesses arroubos autoritários do Bolsonaro, pois esse tipo de gente não muda suas ideias golpistas e fascistas diante da passividade, omissão ou aceitação dos seus adversários.

É preciso enfrentá-los e o melhor é que seja agora, de imediato, quando estão ‘gravemente feridos’ em razão da briga com o Moro; da divisão em sua base de sustentação; do constrangimento pela aliança com a ‘velha política’ do Centrão; e em razão do receio com as investigações que avançam sobre os filhos do presidente, por causa das “rachadinhas” e das fake News.

* Itamar Ferreira é advogado.

Compartilhe: