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Rondônia, quinta, 25 de abril de 2024.

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O poder do longo prazo


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Por Paulo Bessa

Sempre sou questionado sobre operações com promessas milagrosas de ganhos enormes, e ainda por cima, garantido. Apesar da minha resposta sempre direta de que isso não existe, vejo no semblante dos investidores o ar de decepção com a resposta, como se aquela oferta fosse a esperança de uma solução para os altos rendimentos esperados no curto prazo.

Duvide de qualquer solução mirabolante de riqueza imediata e ganhos garantidos, principalmente, quando falamos de dinheiro. O caminho para o resultado almejado é árduo e exige disciplina, conhecimento, gerencia e tempo. Acredito nesses pilares básicos para o sucesso de uma carteira de investimento.

Tenho a percepção que o perfil dos investidores brasileiros está mudando. A redução na taxa básica de juros fez com que a renda fixa, antes pilar de segurança e rentabilidade, perdesse o valor real (sobre a inflação) e ativos de risco ganhassem peso no portfólio do brasileiro. Como todo processo de mudança (agora com ativo de risco na carteira) o investidor fica sensível a promessas de ganhos fáceis, rápidos e “sem risco”.

A transformação que o mercado nacional está passando também requer um alinhamento de expectativa entre retorno esperado e horizonte de investimento. Daí vem o tão importante “longo prazo”. O longo prazo ainda é a maior probabilidade de se obter sucesso no mercado, vide grandes exemplos que comprovam essa teoria: Warren Buffet, Benjamin Graham e Luiz Barsi, um dos maiores investidores do Brasil.

Temos o poder dos juros compostos, um privilégio, os juros incidem sobre um valor maior todo dia. Você já parou para fazer essa conta? É quase uma exclusividade da renda fixa brasileira. Isso não quer dizer que podemos escolher alguns ativos colocar na cesta e esperar. A escolha dos ativos é parte importante de um processo de investimento.

Um processo de investimento focado em estratégias de longo prazo resulta, efetivamente, em um portfólio resiliente e assertivo, pois conseguimos reduzir as incertezas de um cenário volátil de curto prazo. O curto prazo é aleatório, ficamos sujeitos a riscos não inerentes aos fundamentos que realmente importam para alcançar os objetivos de retornos consistentes e duradouros.

Quando estamos escolhendo ativos de risco para uma carteira fazemos valer a governança, plano de investimento da empresa, setor, barreira de entrada ao negócio, dados estatísticos e como tudo isso interage com as expectativas econômicas sempre focado no longo prazo. O plano de investimento de uma empresa acontece geralmente por um período longo, e é daí que poderemos ter a melhor aderência aos seus resultados. Além de tudo, a otimização tributária obtida quando renunciamos ao curto prazo deixa o retorno de uma carteira ainda mais atraente.

Por fim, focar no longo prazo não quer dizer que devemos simplesmente ignorar a carteira e analisá-la após dez anos. Vamos lembrar dos pilares que comentei, dentre eles: gerencia e disciplina, parte importante do contexto. Projetar um cenário, adequar sua carteira, gerenciar, monitorar e rebalancear sempre que necessário faz parte do processo desenvolvido ao longo do tempo buscando a correlação ideal.

*Paulo Bessa é Economista, MBA Finanças e Gestão de Negócios, e possui 17 anos de experiência no mercado financeiro. Trabalhou como Private Banker no Banco Bradesco Brasil e Offshore, Conselheiro IBGC, especialista em Wealth Management. Hoje, é Sócio Diretor na Bevas Wealth Management, Multi Family Office independente focado em clientes UHNW.

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Fonte: Revista Exame

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