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Rondônia, quinta, 25 de abril de 2024.

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Cotidiano das mulheres do Quilombo Kaonge é retratado através de registro fotográficos


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O fotógrafo Gilucci Augusto registra quilombolas em sua dissertação de mestrado

A partir do olhar minucioso, o fotógrafo emociona e provoca reflexões em que admira suas imagens. E tudo isso só foi possível a partir do dia 19 de agosto de 1839, Dia Mundial da Fotografia. A invenção traz as técnicas de luzes, ângulo, enquadramento, mas, para quem fotografa, a sensibilidade é algo sempre maior: “o resultado de um relacionamento, do modo de escutar as pessoas”. É assim que o fotógrafo Gilucci Augusto enxerga o seu trabalho.

Na dissertação que defenderá amanhã (20), Gilucci conta uma parte da história, da cultura e do cotidiano do Quilombo Kaonge, localizado em Cachoeira, na Bahia, que exerce uma liderança importante na região da Bacia e Vale do Iguape. Através dos registros fotográficos, Gilucci retrata a história da matriarca do quilombo, Juvani Viana, que também é Ialorixá do terreiro de Umbanda ‘21 Aldeia de Mar e Terra’, e de toda família, além de indagar sobre como elas se percebem nas fotografias produzidas por ele.

O questionamento de como essas mulheres se vêem nas fotos foi o ponto inicial para desenvolver a dissertação de mestrado, por conta da experiência vivida em uma viagem na região da Bacia e Vale do Iguape, que é uma região quilombola situada no Recôncavo. “Fui presentear uma marisqueira, esposa de um amigo pescador e, ao ver a imagem não gostou, repudiou. Era uma fotografia com a imagem dela mariscando dentro do mangue, com roupas de marisqueira. Quando cheguei no mestrado, comecei a pensar sobre isso: o que condena essa imagem? Tive essa ideia de fotografar essas mulheres e perguntar como enxergam a fotografia, o que elas gostam e não gostam”.

Para Rosane Viana Jovelino, ativista e membro do Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape e do Núcleo Produtivo de Ostra, a proposta de Gilucci para a pesquisa de mestrado foi muito importante. “Percebi que poderia ser uma oportunidade excelente e positiva de valorizar a nossa cultura, raça e identidade, enquanto mulher negra e quilombola. Inclusive de quebrar esse estereótipo imposto pela nossa sociedade e também o quanto poderia desconstruir essa posição de inferioridade que é conferida à população negra, a mulher negra de um modo geral”.

A ativista conta que a foto tem esse poder de revelar a força da mulher negra, dos saberes que movimentam o dia a dia da comunidade e da ancestralidade que marcou a história fortemente.  “Foi algo que mexeu muito comigo porque a gente vive um processo de muita luta contra o racismo que nos coloca na marginalidade e, portanto, impede de exercer os nossos direitos, além de também nos impedir de estar em um espaço de igual para igual. Então, a gente pelo direito à igualdade”, conta a filha da matriarca e Ialorixá, Juvani Viana.

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