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Rondônia, quinta, 28 de março de 2024.

Exame

Febre amarela: SP tem 2 mortes em 2023 após ficar sem registro da doença por 3 anos


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Depois de três anos sem casos, o Estado de São Paulo já registrou duas mortes por febre amarela desde janeiro. São quatro casos confirmados e, em dois, os pacientes se recuperaram segundo a Secretaria de Saúde do Estado. Em todo o Brasil, foram cinco casos e três mortes por febre amarela até agora. Os registros deste ano já superam todas as notificações de 2022, quando houve quatro casos e dois óbitos.

A doença é transmitida pela picada de mosquitos. Grave e muitas vezes letal, a febre amarela pode ser prevenida pela vacinação. A pasta estadual recomendou que todos municípios intensifiquem a vacinação para evitar o avanço da doença. Segundo a secretaria, as duas vítimas não haviam sido imunizadas. O Estado não registrava casos desde o início de 2020, quando um caso, com provável infecção em Santa Catarina, foi confirmado.

O surto ocorre na região de São Carlos, no centro-leste do Estado, e atinge quatro municípios paulistas, dois deles na divisa com Minas. O óbito mais recente aconteceu em 30 de abril e vitimou um homem de 44 anos, morador de São João da Boa Vista. O caso só foi confirmado na última sexta-feira, 26, após exames. Embora residente na Vila Valentin, na área urbana, ele esteve na zona rural antes de apresentar sintomas.

A prefeitura informou ter feito mutirões para vacinar toda a zona rural. Além disso, o Departamento de Saúde de São João da Boa Vista realiza há uma semana a nebulização contra os mosquitos transmissores da febre amarela em bairros periféricos da área urbana. A cidade não tinha casos de havia sete anos.

Outro óbito foi registrado em São Sebastião da Grama, em fevereiro, mas só foi confirmado na semana passada. Na quinta-feira, 25, a prefeitura usou sua página no Facebook para comunicar a ocorrência. “A Gerência de Saúde alerta toda população que houve um óbito causado por febre amarela. A única maneira de prevenção é com a vacina”, postou, pedindo aos não vacinados para se dirigirem ao Centro de Saúde.

A vítima era moradora de Monte Santo de Minas, na divisa com São Paulo, mas foi internada e morreu na cidade paulista. Em fevereiro, outro paciente pegou a doença em São Sebastião da Grama, mas se recuperou. Ele era morador de Mococa, cidade vizinha.

Em 29 de março, depois de encontrar um macaco-prego morto com o vírus da doença na zona rural, a prefeitura de Mococa realizou mutirão de vacinação em 31 propriedades rurais, entre sítios e fazendas.

O primeiro caso paulista de febre amarela deste ano aconteceu em janeiro, em Vargem Grande do Sul, na divisa com Minas. O paciente, de 73 anos, foi internado em estado grave, mas se recuperou. A prefeitura mobilizou equipes e vacinou 113 moradores da zona rural, vizinhos da vítima. No lado mineiro, a Secretaria de Saúde registrou a morte, em março, de um trabalhador rural de 41 anos, morador de Monte Santo de Minas. O paciente havia se deslocado para o interior de São Paulo antes de apresentar os sintomas.

Vacina contra febre amarela

A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou que, desde o primeiro caso confirmado em janeiro, a pasta, junto com os municípios, reforçou a vacinação nas regiões, realizando investigação epidemiológica e ambiental dos locais prováveis de infecção, além da investigação da presença dos insetos e coleta de material biológico de material de macacos para exames. Todos os municípios do Estado foram alertados para detectar precocemente casos suspeitos.

A vacina contra a febre amarela faz parte do calendário de imunização e as doses estão disponíveis, gratuitamente, em todos os postos de saúde do Estado. A 1ª dose deve ser aplicada aos 9 meses de idade e a segunda aos 4 anos. A partir dos 5 anos, para aqueles que não estão com a vacina em dia, é recomendada dose única.

Ainda segundo a pasta, a cobertura vacinal foi de 82% no Estado nos três primeiros meses deste ano. Em 2022, o índice ficou em 64,4%. Para quem mora no interior, a imunização é imprescindível diz a secretaria. “A vacina da febre amarela tem um período de 10 dias para criar anticorpos. Desta forma, para quem frequenta zona de mata, acampamentos, trilhas e cachoeiras é de suma importância a imunização o quanto antes”, disse, em nota.

No Estado de São Paulo, desde que a doença reemergiu em 2016 e avançou pelo interior, todo o Estado é considerado área de risco com recomendação de vacina. Naquele ano, foram 648 casos e 230 óbitos.

Conforme o Ministério da Saúde, a vacinação contra a febre amarela está indicada para todo território nacional no calendário de rotina dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). O público-alvo do imunizante é todo cidadão residente no Brasil ou estrangeiro em visita, com idades entre 9 meses e 59 anos. A indicação é de ao menos uma dose de vacina após os cinco anos de idade – crianças que receberam a dose aos 9 meses devem receber um reforço aos 4 anos de idade.

A cobertura vacinal este ano no País está em 48,7%, ante 60,6% no ano anterior. Ainda segundo o ministério, o Programa de Vigilância da Febre Amarela Silvestre atua com diferentes áreas para impedir a transmissão urbana e detectar oportunamente a circulação viral para orientar as medidas de controle. Desde 2019, houve 31 óbitos no País pela doença.

Principais dúvidas sobre febre amarela

1. Como é transmitida?

Pela picada de mosquitos portadores do vírus de febre amarela. Em regiões de campo e floresta, o principal mosquito transmissor é o Haemagogus. O vírus também pode ser transmitido pelo Aedes aegypti, na forma urbana da doença. Casos de transmissão urbana, no entanto, não são registrados no País desde 1942.

2. A febre amarela é transmitida de pessoa para pessoa?

Não.

3. Qual é o papel dos macacos na transmissão?

Primatas podem se contaminar com o vírus, exercendo também o papel de hospedeiros. Se picados, os animais transmitem o vírus para o mosquito, aumentando, assim, as chances de propagação da doença.

4. Quais sintomas provocados pela febre amarela?

A febre amarela é classificada como doença infecciosa grave. Provoca calafrios, dor de cabeça, dores nas costas e no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Os primeiros sintomas aparecem entre 3 a 6 dias depois da infecção.

5. Qual é a evolução da doença?

Para maior parte dos pacientes, os sintomas perdem a intensidade a partir do 3º ou 4º dia da infecção. Em alguns casos, porém, a doença entra em sua fase considerada tóxica.

6. O que ocorre nos casos graves?

Cerca de 10% dos pacientes desenvolvem a forma grave da doença. Ela geralmente ocorre após um período breve de melhora dos primeiros sintomas. A febre reaparece, há hemorragias, insuficiência hepática, insuficiência renal. Um dos sintomas é a coloração amarelada da pele e do branco dos olhos. Também não é incomum pacientes apresentarem vômito com sangue, sintoma da hemorragia. Cerca de 50% dos pacientes que desenvolvem a forma grave morrem num período entre 10 e 14 dias.

7. Qual é o tratamento?

Não há tratamento específico.

A medida mais eficaz é a vacinação, para evitar a contaminação da doença.

8. Posso me vacinar a qualquer hora?

Sim, a imunização é oferecida na rede pública de saúde e pode ser procurada a qualquer momento do ano.

9. Quais são as reações possíveis à vacina?

Os efeitos colaterais graves são raros. Mas 5% da população pode desenvolver sintomas como febre, dor de cabeça e dor muscular de 5 a 10 dias. É infrequente a ocorrência de reações no local da aplicação.

10. A vacina deve ser tomada por toda a população?

A vacina é contraindicada para crianças menores de seis meses, pessoas imunossuprimidas e com reação alérgica a ovo. Idosos acima dos 60 anos, gestantes, pessoas portadoras do vírus HIV ou com doenças hematológicas devem consultar um médico antes de se vacinar.

11. Já sou vacinado. Preciso repetir a dose?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, estudos mostram que uma só aplicação é capaz de dar imunidade por toda a vida. O Brasil era o único país a adotar ainda o esquema vacinal em duas doses. Em caso de dose fracionada, uma nova vacina deve ser tomada após nove anos.

12. Quem tomou a vacina em dose integral há mais de dez anos deve tomar de novo?

Desde 2017, o Ministério da Saúde adota a resolução da OMS: apenas uma dose é suficiente para proteger durante a vida toda. Sobre a possibilidade de contaminação mesmo tendo tomado a vacina, o Ministério da Saúde diz que “algumas pessoas podem não desenvolver anticorpos suficientes para proteger contra a doença essa é uma situação rara, mas pode acontecer, por isso destacamos que a imunidade é entre 95% a 99%, ou seja, essa variação de 5% significa que não vai proteger entre 1% a 5% da população mesmo sendo vacinada.” Apesar da polêmica em torno do número de doses, do ponto de vista burocrático e internacional, os viajantes precisam ter tomado apenas uma dose integral na vida para obter o certificado.

13. Quando o viajante deve tomar a vacina contra a febre amarela?

A vacina é essencial para quem viaja a áreas endêmicas dentro do País. Segundo o Ministério da Saúde, hoje são: Acre, Amazonas Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. Algumas delas, porém, apresentam mais riscos do que outras. E também para alguns países que exigem o certificado internacional de vacinação – Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) – como forma de se protegerem da disseminação da doença.

Fonte: Revista Exame

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