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Rondônia, sexta, 19 de abril de 2024.

Exame

Como a gigante sueca que fornece tecnologia para Samu e CET planeja avançar daqui para frente


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Pensar em um serviço de emergência, como a polícia, os bombeiros ou o SAMU, significa trazer à mente as sirenes e o senso de constante urgência. Um pensamento menos intuitivo é o de que, para conectar quem pede ajuda com quem vai ajudar, é necessário ter tecnologia em todas as pontas do processo. É esse lado ‘high tech’ de gestão de sistemas públicos um dos serviços prestados pela Hexagon AB, multinacional de origem sueca, por meio da divisão de Segurança, Infraestrutura e Geoespacial (SIG).

Esse braço da empresa faturou 476 milhões de euros (R$ 2,5 bilhões) em 2022, crescimento de um dígito em relação ao ano anterior. O aumento deve ser acelerado em 2023 a partir da aquisição da norte-americana Qognify, referência em big data para segurança pessoal. O valor da transação não foi revelado, mas, de largada, a empresa deve gerar uma receita de 50 milhões de euros só em 2023. O Brasil ainda é um ‘peixe pequeno’ dentro do plano, mas a aquisição também impacta de forma positiva a divisão SIG por aqui. O faturamento atual, de R$ 140 milhões, deve ser acrescido em 15% somente com a aquisição (além de outros 10% que viriam de forma orgânica). 

A cifra adicional vem a partir de duas fontes de receita a serem agregadas para a Hexagon: gestão de sistemas de vídeo em um único local (um serviço que a empresa só prestava antes com o apoio de terceiros) e fortalece a presença da Hexagon no setor privado, com um software de gestão de incidentes empresariais — já que a Qognify tem clientes consolidados no segmento de varejo fora do Brasil, um nicho mirado por aqui também. 

São pontos para os quais não está olhando sozinha. No país, a recém-criada startup SafeCompany fornece serviços similares para empresas de médio porte. Mas a expansão do setor no Brasil mostra que pode existir espaço para todo mundo. Dados do Estudo do Setor de Segurança Privada (Esseg) mostram que o faturamento do setor era de R$ 7 bilhões em 2002, cifra que passou para R$ 50 bilhões em 2022.

Do lado da Hexagon, conta ponto a favor o fato de já ter uma base bem estabelecida por aqui. Hoje, a companhia está presente em 17 regiões do país: em São Paulo, oferece os serviços de tecnologia para o Samu, CET e Guarda Municipal. No Rio de Janeiro, está nos bombeiros e polícia militar. Ainda presta serviços no Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul e outros.

“Com a nossa plataforma, permitimos que diferentes órgãos consigam compartilhar dados e coordenar ações em centros de emergência. Por exemplo, unir sistemas de vigilância, ligações e  comunicações via rádio em um único local, além de proporcionar serviços capazes de realizar análises sobre a eficiência do trabalho prestado. Dessa forma, conseguimos trazer mais agilidade para os serviços públicos”, diz Sergio Nunes, vice-presidente sênior da Hexagon para a América Latina, ao EXAME IN

A companhia, no fim do ano passado, começou a implementar soluções de cidades inteligentes em Manaus, em um centro único que integra operações de defesa civil, guarda municipal, trânsito e mobilidade urbana. Em 2022, o destaque mais recente é a prestação de serviços na região metropolitana da Bahia, que vai pelo mesmo caminho, já com o apoio da rede 5G.

“A cada vez que uma chamada de emergência no 190 acontece, os operadores se conectam com os agentes de campo via app. Por meio dele, conseguimos mandar um pacote de informações, que vai muito além do endereço e inclui, por exemplo, imagens captadas nas câmeras de rua para facilitar a identificação de pessoas. Isso tudo já é feito usando 5G, o que acelera a capacidade de envio e de resposta dos agentes”, diz Nunes. De novo, a empresa foca em um mercado em expansão: o investimento em cidades inteligentes deve crescer a um CAGR de 20% até 2025, atingindo US$ 2,5 trilhões, como mostra um estudo da Research and Markets. 

A partir do novo sistema de gerenciamento de câmeras, a ser expandido com a aquisição da Qognify, e da perspectiva de avanços no 5G, a empresa já conseguiu atrair atenção suficiente para fechar outros dois novos contratos. Um de telemedicina, a ser disponibilizado para o Samu (com as imagens sendo transportadas entre agentes via 5G) e outro, em São Paulo, de câmeras em uniformes policiais.

Além da presença no Brasil, a Hexagon também tem soluções, ainda na América Latina, na Colômbia, Equador, Panamá, Honduras e México. Por enquanto, a automatização de serviços públicos ainda é o ponto chave. Nos Estados Unidos, a empresa está presente no 911. Por lá, proporciona a integração necessária para que o operadores possam acionar polícia, bombeiros ou ambulância, e consigam monitorar posteriormente os resultados, com análises e relatórios. É um mercado ainda extremamente carente: um estudo do IDC mostra que apenas um terço das informações coletadas por parte de governos está disponível para análise.

Na era em que dados valem ouro, a Hexagon quer mostrar que está cada vez mais preparada para lidar com todos os que envolvem gestão ligada à segurança. A companhia, além de fornecer inteligência para gerenciá-los, por meio da SIG, também oferece câmeras e sensores para diferentes segmentos, como mineração e agricultura. A receita total do grupo, na casa dos 5 bilhões de euros em 2022, cresce de forma contínua desde o início da pandemia. Coletar, analisar e trazer insights. Está aí a rotina em que a empresa conseguiu se especializar ao longo das últimas décadas e cujo potencial de avanço beira o ilimitado daqui para frente. Em um segmento que avança a passos largos, a gigante sueca conta com o impulso da startup norte-americana para se manter cada vez mais atual.

Fonte: Revista Exame

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