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Rondônia, quinta, 25 de abril de 2024.

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Live: Diversidade nas empresas não pode ser caridade


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Se antes diversidade e inclusão eram temas que, timidamente, estavam sendo incorporados dentro das organizações, com a chegada de agendas ligadas ao ESG (Environmental, Social and Governance), sigla em inglês usada para se referir ao conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio, torna-se indispensável falar sobre o assunto.

Para falar sobre diversidade e inclusão dentro das startups, três fatores são essenciais para a implementação dentro das empresas: oportunidade, coragem e conhecimento. Essa é a conclusão do debate da live Bússola que ocorreu nesta quarta-feira, 17 de agosto, sobre Inovação e Inclusão dentro das Startups. O webinar reuniu Amara Moira, professora de Literatura da Descomplica; Aline Toretto, head de Cultura e Pessoas da 180° Seguros; Nubia Nappi, especialista em Gestão de Pessoas da Bitso Brasil; e Pedro Berto, intrapreneur na SaltPay/Volpe Capital. A moderação foi realizada por Rafael Lisbôa, diretor da Bússola.

Oportunidade é a palavra de ordem

As empresas precisam, genuinamente, entender o seu importante papel na sociedade e fomentar oportunidades para que, cada vez mais, tenham colaboradores diversos fazendo parte de seus times. Principalmente para que novos talentos sejam descobertos e impulsionados. Como é o caso de Amara Moira, que é travesti e professora da Descomplica, e explica como foi entrar na Edtech há cinco anos, um momento no qual o mercado estava, a passos lentos, começando a falar de inclusão e diversidade com mais frequência.

“Fui parar na Descomplica de uma forma inusitada, tinha acabado de participar de uma palestra, na qual estava falando que, após a transição de gênero, seria um quanto impensável poder voltar a exercer o trabalho de professora dentro de uma sala de aula, mas a Edtech estava assistindo e me convidou para fazer parte da instituição. Aceitei, mas com dúvidas de como eles reagiriam caso os alunos não quisessem ter aula comigo”, explica. “A Descomplica disse: ‘você vai entrar em sala de aula, dar o seu melhor, se mostrar capacitada e estará blindada. Se os alunos não quiserem ter aula com uma professora com o seu potencial, precisarão cancelar o curso conosco’. Eu precisei muito que eles me mostrassem que esse espaço poderia ser meu também, que eu tinha eles comigo, que eles tinham feito uma escolha por mim para eu me sentir à vontade ali”, afirma.

Para Pedro Berto, as pessoas sub-representadas precisam de oportunidade para seguir em frente, trabalhar e provar que são boas profissionais dentro do que se propõem a fazer. “Eu nasci e cresci em uma comunidade carente do Rio, e duas coisas meus pais ensinaram para os quatro filhos: a primeira é a busca pelo conhecimento; a segunda é a busca pela criatividade onde existe muita escassez  e, como a gente morava na favela, muitas coisas eram escassas. Isso, ao longo da minha vida, gerou alguns frutos. Entrei com bolsa de 100% em uma das melhores universidades do país, depois tive a oportunidade de estudar fora. Ocupei fundos de investimentos no Brasil e Startups internacionais, agora estou como Intraempreendedor na SaltPay que está presente em quase metade da Europa.”

Coragem e conhecimento como peças chave

Além da oportunidade, a coragem e o conhecimento são fatores essenciais para esses profissionais. Coragem para quebrar preconceitos estruturais, há muito perpetuados, principalmente, nos ambientes corporativos onde a construção da cultura organizacional é pensada a partir dos valores de um grupo heterogêneo, e conhecimento sobre diversidade e inclusão para possibilitar ações eficazes e genuínas.

“O RH é um auxiliar, um apoio na construção das estratégias de diversidade e inclusão dentro de qualquer empresa. Mas é essencial que esse desejo venha dos fundadores e dos líderes. Para isso, é necessário ter conhecimento para construir uma cultura representativa e diversa, para lidar com as diferenças de modo geral”, afirma Aline Toretto, head de Pessoas e Cultura na 180° Seguros.

Núbia conta que, na Bitso, existe uma grande preocupação em trazer pessoas com propriedade para abordar temas com os quais ainda não se sentem tão próximos, fazendo com que o assunto seja tratado com seriedade e eficiência. “Já vimos que o nosso ambiente era diverso, mas como a gente garante que as pessoas estejam sendo ouvidas? Por isso, é importante que exista uma agenda da liderança e que o tema seja tratado de forma transversal.”

É importante que o tema seja debatido de forma genuína entre líderes, CEOs, fundadores e gestores para que a diferença entre diversidade e inclusão seja levada em conta e ofereça resultados positivos, que levem o mercado à equidade de fato. Diversidade tem que ser um tema transversal entre as empresas, ou seja, precisa percorrer todas as áreas das instituições.

 

 

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Fonte: Revista Exame

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