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Rondônia, quinta, 25 de abril de 2024.

Exame

A porta ainda é estreita para a inserção dos jovens no mercado de trabalho


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Não está nada fácil conseguir emprego no Brasil. Entre os jovens, os dados são ainda mais desanimadores. De acordo com o Ministério da Economia, em 2021, por exemplo, enquanto a taxa geral de desemprego estava em 14,7% em agosto, entre jovens a fatia de pessoas à procura de trabalho era de 31% do total.

Esse dado não se deve só à crise que estamos atravessando agora, mas já vem há muito tempo. São seis anos em que pelo menos dois em cada dez jovens de 18 a 24 anos procuram, mas não encontram uma vaga de trabalho.

Isso se deve a diversos fatores, um deles é a falta de experiência. E apesar de vocês pensarem que é óbvio um jovem não ter desenvolvido habilidades para alguma área específica, tendo em vista que é o primeiro emprego, o mercado ainda exige isso dele.

Há também um conflito de gerações. É bem comum que as pessoas das gerações Y e Z, ou seja, que nasceram na década de 1980 até os anos 2000, tenham perfil comportamental bem diferentes dos mais velhos. Aceitar que um jovem que nasceu em uma época tecnológica e que tenha a contribuir com quem está há mais tempo no mercado é ainda um tabu, infelizmente.

Entretanto, você, que hoje está com uma carreira consolidada, provavelmente também precisou começar de alguma maneira e, certamente, também teve lá seus desafios. Atire a primeira pedra quem nunca teve dúvidas sobre o que colocar em um currículo ou teve medo de gaguejar na frente de um recrutador.

Esses anseios antigos são os mesmos de hoje. Por isso, precisamos mudar e inserir os jovens no seu primeiro emprego. Escancarar a porta de entrada do primeiro emprego, em vez de deixá-la tão estreita. Há inúmeras maneiras de se fazer isso.

Uma delas é unir o ensino médio ao programa Jovem Aprendiz, onde por lei empresas de médio e grande porte devem contratar jovens com idade entre 14 e 24 anos como aprendizes. Contudo, nem todo estudante sabe disso e tem acesso a essa oportunidade. As escolas públicas deveriam estar conectadas com as empresas. O contrato de trabalho pode durar até dois anos e, durante esse período, o jovem é capacitado na instituição formadora e na empresa, combinando formação teórica e prática. Os jovens têm a oportunidade de inclusão social com o primeiro emprego e de desenvolver competências para o mundo do trabalho, o que desenvolve nele uma série de habilidades que só se aprende na prática.

Todos os alunos inseridos no ensino médio deveriam participar de uma formação dual. O programa poderia ser uma ótima porta de entrada, já que é uma iniciativa que tem como objetivo ajudar a solucionar esse problema, mas ele não está conectado ao ensino médio como uma política pública integrada.

Outra maneira de apoiar a juventude a entrar no mercado de trabalho é levando até eles formação em tecnologia de ponta, como cursos de programação, robótico, desenvolvimento de softwares e games, e inglês de qualidade. Tudo isso conectado às demandas das empresas, áreas extremamente promissoras nos próximos anos. Estudo da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) revela que serão criados no Brasil ao menos 797 mil postos de trabalho nessa área até 2025. Nesse período, serão formados 267 mil profissionais. O déficit será de 530 mil vagas abertas sem contratação.

Além de oferecer formação técnica e oportunidade de aprendizado prático e experiência, precisamos apoiá-los e ajudá-los a entender as ferramentas que são grandes aliadas nos dias de hoje para a carreira deles. Nas escolas, tenho falado bastante sobre a importância de se utilizar da internet para aprender em cursos gratuitos online, produzir um bom LinkedIn e ainda dou dicas de páginas onde podem procurar emprego. Também reforço muito a importância do desenvolvimento das habilidades socioemocionais, tão necessárias para vida.

Lembro sempre a eles que estamos na era do conhecimento, e que cada vez mais o aprendizado será ao longo da nossa vida, uma busca constante e sem fim, já que tudo muda o tempo todo e o conhecimento é o único meio capaz de nos manter ativos e preparados para lidar com um mundo cada vez mais complexo e dinâmico.

*Laiz Soares é formada em relações internacionais pela PUC Minas e pela Essca na França. Atuou liderando equipes e projetos no setor privado, em ONGs e no Congresso Nacional

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Fonte: Revista Exame

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