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Rondônia, quinta, 28 de março de 2024.

Exame

O mercado acordou para Cielo? 3 possíveis razões para a disparada de 14%


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As ações da Cielo (CIEL3), que vinham há tempos sendo castigadas pelo mercado, tiveram uma sobrevida nesta sexta-feira, dia 8. Os papéis dispararam 14,29%, para 2,64 reais, liderando os ganhos do Ibovespa.

Apesar do movimento expressivo, os ativos estão longe de se recuperar do tombo dos últimos anos. Desde o pico atingido em 2016, as ações acumulam uma desvalorização de quase 90%. Só em 2021, caem 35%.

O mercado ainda mostra cautela com a capacidade da empresa de se reinventar. Apontada como menos ágil que seus competidores, como Stone, PagSeguro e Getnet, e com menor apetite para inovação, a companhia viu sua participação de mercado derreter de 47% em 2016 para 30% em 2020.

O que mudou agora?

Embora o cenário ainda inspire cautela e nenhum fato relevante ou comunicado ao mercado tenha sido divulgado pela empresa, alguns fatores podem estar por trás do movimento recente. Entre eles:

  • 1) Desconto excessivo

Depois da forte derrocada, investidores e analistas começam a apontar que o papel pode ter ficado barato.

Na última quarta-feira, dia 6, o megainvestidor Luiz Barsi disse em painel do evento BTG Invest Talks que a ação da Cielo negocia com múltiplos “extremamente baixos”, apesar da melhora em seus resultados neste ano.

No fim de setembro, a Genial Investimentos recomendou a compra dos papéis, citando também que estão “excessivamente descontados e com uma conjuntura operacional mais favorável”.

“A Cielo não é a nossa preferida no setor e também não estamos advogando colocar todas as fichas em uma aposta só. Mas ela está bem barata”, comentaram os analistas da corretora Eduardo Nishio, Guilherme Vianna e Bruno Bandiera em relatório.

Eles apontaram ainda que, com a reabertura da economia e o maior número de vacinados na população, a empresa pode ver uma gradativa normalização dos seus volumes financeiros processados, tendência que acreditam que deve melhorar os resultados em 2021 e 2022.

  • 2) Short squeeze

Um segundo fator pode vir de um movimento técnico. Em meio ao ceticismo do mercado com a empresa, o papel vinha sendo muito operado por investidores que querem ganhar com a queda.

Com a melhora do mercado hoje e o feriado de 12 de outubro na semana que vem, muitos deles podem ter optado por zerar suas posições e embolsar os ganhos para não ficar expostos a esse risco nos próximos dias. Tal movimento pode ter gerado um “short squeeze”, isto é, uma alta rápida nos preços ocasionada justamente pela zeragem de posição vendida.

Para ganhar com a baixa, o investidor, primeiro, precisa alugar a ação para, depois, vendê-la, com a ideia de poder comprá-la mais à frente a uma cotação mais baixa, ganhando assim com a diferença. Ou seja, a zeragem passa pela compra do papel, o que consequentemente pode pressionar a valorização caso ocorra em grande quantidade.

Até ontem, quinta-feira, havia mais de 100 milhões de papéis da companhia alugados, ou cerca de 9% do total de suas ações em circulação no mercado.

Também no evento de quarta, Barsi mencionou que as ações da companhia podiam não estar se recuperando por causa da grande quantidade de papéis alugados.

“A empresa vem entregando resultados positivos ao longo de 2021 e tem pago dividendos trimestralmente. Não sei porque está tão descontada. Talvez seja também por causa da locação. Hoje há mais de 100 milhões de ações da companhia locadas”, comentou.

  • 3) Eventual fechamento de capital

Outro questão que tem ganhado força no mercado é a expectativa de que seus acionistas controladores, o Bradesco (BBDC4) e o Banco do Brasil (BBAS3), fechem o capital da empresa.

“Achamos que, eventualmente, o valuation atrativo da ação venha chamar a atenção dos investidores e, possivelmente, dos controladores, o que poderia culminar com o fechamento de capital da Cielo”, disseram os analistas da Genial.

A operação muito provavelmente embutiria um prêmio para a compra das ações, o que poderia possibilitar ganhos de curto prazo.

Ainda assim, não dá para dizer que a ação não vá cair mais, mesmo após a forte derrocada. “A sensação é a de que querem ver o ativo o mais barato possível para comprar as ações e fechar o capital”, disse João Abdouni, especialista em renda variável da casa de análises Inversa, em reportagem do início desta semana da EXAME Invest.

Fonte: Revista Exame

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