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Rondônia, sexta, 19 de abril de 2024.

Exame

Vacina da AstraZeneca tem até 74% de eficácia, mostra estudo americano


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Um grupo de cientistas publicou hoje novos resultados do teste clínico da vacina contra Covid-19 da AstraZeneca, e num recorte diferente dos resultados divulgados no ano passado, a eficácia geral da vacina contra infecções ficou em 74%, quando considerados quadros de gravidade média e alta.

O novo trabalho, redesenhado por cientistas da própria empresa farmacêutica e dos NIH (Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos), incluiu apenas dados de voluntários dos EUA, Peru e Chile. No mesmo trabalho cientistas afirmam que a eficácia da vacina foi menor, de 70% quando incluídos também casos com sintomas leves. Se incluídos os casos assintomáticos, a eficácia da vacina foi de 63,4%.

Publicado no periódico acadêmico New England Journal of Medicine, o estudo não inclui dados de Reino Unido, África do Sul e Brasil, países que tinham participado dos primeiros braços do ensaio clínico. A vacina AZD1222 da AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, é aquela que vem sendo produzida pela Fiocruz no Brasil.

O estudo atual se refere a um ramo separado do ensaio clínico da vacina que foi agrupado depois do final do ano passado, após terem ocorridos erros na aplicação do imunizante em alguns dos voluntários britânicos do estudo. Alguns dos primeiros recipientes da vacina no Reino Unido receberam injeções com apenas metade da dosagem planejada, o que comprometeu a análise de parte dos dados, particularmente do recorte de eficácia por faixa etária.

No estudo atual, foram incluídos mais de 32 mil pacientes, entre recipientes da vacina e de placebo, e os cientistas buscaram fazer um recorte dos resultados para voluntários maiores de 65 anos. “Este estudo da AZD1222 foi projetado para incluir diversos grupos sob alto risco de exposição ao vírus Sars-CoV-2 e populações sob risco aumentado de complicações pela Covid-19”, afirmam os autores, liderados pelas cientistas Ann Falsey e Magdalena Sobieszczyk, da Universidade de Rochester, nos EUA.

Curiosamente, a vacina pareceu ter mais sucesso nos idosos do que nos adultos mais jovens, tendo apresentado no estudo uma marca de 83,5% de eficácia. Os estudo não detalha razões de por que isso pode ter ocorrido, apesar de pessoas mais velhas em geral terem uma resposta imune mais fraca.

Todos os números do estudo são menores do que os 90% de eficácia que chegaram a ser relatados pela AstraZeneca, em novembro de 2020, quando o resultado preliminar do teste clínico abriu dados para análise pela primeira vez. Essa porcentagem se referia apenas a um subgrupo excluindo idosos no Reino Unido.

Segura e eficaz

Os resultados relatados no estudo de hoje, que teve principalmente cientistas de universidades americanas entre os autores, mostram de qualquer forma uma vacina segura e eficaz. Os números entre 63,5% e 74% estão bastante acima da linha de corte de 50% preconizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como eficácia mínima para uso das vacinas.

“A AZD1222 foi segura e eficaz em prevenir Covid-19 sintomática e severa em meio a diversas populações que incluem adultos mais velhos”, escreveram os pesquisadores no estudo. “A análise de eficácia desta vacina está em andamento.”

O estudo atual ajuda a passar a limpo alguns dos problemas enfrentados pela AstraZeneca no ano passado. A FDA (agência reguladora de fármacos nos EUA) tinha pedido à empresa mais informações sobre o desempenho da vacina após a divulgação dos primeiros dados. Os dados colhidos no “mundo real”, fora dos testes clínicos, ajudaram a consolidar o bom desempenho da vacina, dizem os autores.

“A AZD1222 está sendo distribuída para vacinação em mais de 100 países em seis continentes, administrada para centenas de milhões de pessoas”, escrevem.

Cientistas ainda realizam outros testes do mesmo imunizante, mas agora o foco é avaliar a eficácia do produto contra novas variantes da Covid-19 ou aferir o desempenho da vacina administrada com uma dose de reforço a mais.

O GLOBO entrou em contato com a divisão brasileira da AstraZeneca para comentar o estudo, mas não recebeu posicionamento da empresa até a hora de publicação desta notícia.

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Fonte: Revista Exame

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