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Rondônia, sexta, 29 de março de 2024.

Exame

A Conquista de Isgoné


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Por Frederico Pompeu

Viajar é certamente uma das experiências mais gratificantes que alguém pode ter. Conhecer novos lugares, vivenciar novas culturas e experimentar diferentes gastronomias te ajuda a sair do lugar comum, a estimular a sua criatividade, a relaxar e a rejuvenescer. De acordo com minha experiência pessoal, essas características tendem a ficar ainda mais acentuadas quando você envolve muita natureza e esportes nessa equação. Por isso, mesmo com convites tentadores para viajar com alguns amigos para Europa e ainda atento a evolução da pandemia, optei por viajar para um dos destinos mais surpreendentes que conheci nos últimos anos, a Comuna de Ibitipoca, localizada no município de Lima Duarte, ao sul do estado de Minas Gerais.

Destino ainda pouco conhecido no Brasil, trata-se de uma reserva ambiental privada de 6 mil hectares – maior do que o parque estadual que a circunda – extremamente rica em termos de fauna, flora e belezas naturais. Por lá, hospedamo-nos numa histórica casa de engenho de apenas 8 quartos, datada de 1715, que foi cuidadosamente restaurada para ser convertida num encantador hotel-fazenda. Poderia passar a coluna toda descrevendo as diversas experiências que tivemos por lá, como um inesquecível jantar numa gruta à luz de velas ou mesmo um picnic na Pedra do Tatu, sob a “guarda” de sete esculturas de ferro gigantes, que foram feitas originalmente para o festival americano do Burning Man. De qualquer forma,  nada se comparou a Isgoné.

<span class=”hidden”>-</span>Frederico Pompeu/Reprodução

Isgoné é uma “tradução mineira” para Eagle’s Nest ou Ninho da Águia. Trata-se de uma cabana de madeira e vidro, construída em cima de algumas pedras, completamente isolada a quase 1.500 metros de altitude, com uma vista deslumbrante do Vale, no ponto mais alto da Comuna. De lá, a pessoa consegue ter uma perspectiva privilegiada do nascer e do pôr do sol, além de poder se banhar numa banheira branca, meticulosamente posicionada na ponta de um deque suspenso, onde você tem a perfeita sensação de integração com a natureza. Mas, como costumam dizer por lá, você não vai até Isgoné, você tem que conquistar.

O caminho até o topo da montanha é lindo e inspirador, contudo também é bastante tortuoso, muitas vezes estreito e arenoso e em sua maior parte pedregoso. Por isso, mesmo que você queira, não conseguirá chegar até lá de carro. Entre as opções disponíveis, acabei optando por desbravar a montanha pedalando uma bicicleta assistida, que aliás foi uma grata surpresa. Mas porque estou falando de uma viagem turística em uma coluna de empreendedorismo e tecnologia? Porque a subida em muito me lembrou a jornada do empreendedor.

Recentemente vi um vídeo do Steve Jobs, onde ele falava que “você deve ter paixão por uma ideia ou problema que quer resolver. Se você não tem paixão suficiente desde o começo, não vai aguentar a pressão”. Porque a pressão é grande e por diversas vezes você vai pensar em desistir. Muitas vezes, você vai achar que vai quebrar. Problemas? Você terá muitos, todos os dias e de todos os tipos. Então por que insistir? Por que perseverar?

<span class=”hidden”>-</span>Frederico Pompeu/Reprodução

Ao longo desses anos, conversando com vários empreendedores, muitas vezes gente que estava em sua segunda ou terceira empresa de sucesso, eu sempre perguntava o que o motivava a continuar? As respostas eram as mais variadas: desde o clássico “eu sofri esse problema na pele e vi que tinha uma oportunidade para resolver aquela dor” até mesmo a falta de opção “fui demitido, resolvi empreender e não podia dar errado”. Mas sabe o que mais me chamou atenção? Ninguém respondeu que queria empreender para ficar rico. O sucesso profissional e financeiro neste caso eram uma consequência da jornada, mas não o objetivo final. Em tese, ao vender a empresa, eles deveriam sentir-se vitoriosos e prontos para parar de trabalhar mas, o que presenciei nessas conversas era uma sensação de felicidade, claro, mas também um incomodo por “ter chegado ao fim”. Muito frequentemente eles voltavam a empreender, exatamente para superar esta sensação. Sentir o calafrio de estar criando algo maior novamente.

Isgoné é lindo? É! A vista de lá é maravilhosa? Com certeza! É a vista mais bonita que você já viu? Certamente não! O mais legal de Isgoné também é a trajetória. Como falei aqui, o caminho até lá é duro. Assim como ao empreender, você pensa por muitas vezes em desistir. Eu, que não tinha experiência em mountain biking, cai da bicicleta pelo menos umas 3 vezes. Você chega lá em cima exausto e, não se engane, a descida é tão complexa quanto a subida, porque apesar de ter menos esforço de perna, exige uma concentração absurda para frear nas horas certas e tentar escolher os melhores caminhos para não cair. Ao final, você pode me perguntar, se valeu a pena? Valeu e muito! A sensação de que você conseguiu superar suas dificuldades por um objetivo maior é incrível. Recomendo a todos vocês. Por isso, termino com uma frase de um dos maiores empreendedores que o mundo já viu, o grande Walt Disney: “O melhor jeito de começar é parando de falar e começando a fazer”. E você, está pronto para conquistar o seu isgoné também?

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Fonte: Revista Exame

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