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Rondônia, sábado, 20 de abril de 2024.

G1

Moradores e comerciantes relatam abandono da BR-319: ‘É frustrante’


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Essa é a segunda viagem feita pela equipe da Rede Amazônica, mas o cenário encontrado pelos profissionais é praticamente o mesmo de quatro anos atrás. BR-319 que liga Porto Velho a Manaus
Rede Amazônica
A BR-319 é a única ligação, via terrestre, do Amazonas com o restante do país. No entanto, a rodovia segue há mais de 30 anos sem manutenção. Com isso, o tráfego é quase impossível de ser realizado, isolando ainda mais os amazonenses.
A Rede Amazônica percorreu a rodovia e viu de perto a dificuldade encontrada por motoristas que trafegam no local, além de comerciantes e moradores que vivem próximo. Essa é a segunda viagem feita, mas o cenário é praticamente o mesmo de quatro anos atrás.
O comerciante Antônio Graça mora há 45 anos nas proximidades da rodovia. Ele viu a BR-319 ser inaugurada e hoje se sente frustrado pelo descaso vivido.
Atoleiros da BR-319
Rede Amazônica
“Olha, eu sou daqueles que veio para cá pelo advento da rodovia e nós aqui passamos vários anos andando de barco para Manaquiri, porque a rodovia não trazia para nós nenhuma condição de trafegabilidade. Então isso me frustrou ao longo dos anos”, contou.
A BR-319 foi aberta oficialmente em 1976. No entanto, só funcionou plenamente por 12 anos. Desde então, carece de cuidados, como o recapeamento da pista. Com as chuvas, a área fica ainda pior e os atoleiros atrapalham o percurso, que já é não é o dos melhores.
Mas, segundo os moradores, a rodovia não está assim somente pela falta de manutenção por parte dos órgãos responsáveis. Segundo o seu João Cordeiro, a estrada foi destruída: “Mandaram tacar dinamite, dinamitaram ela todinha. Se olhar ali tem um bueiro enrolado.. foi dinamite. Aí até em 86 ela funcionava, em 88 começaram a acabar a estrada”, denunciou.
Para o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, a BR é uma necessidade que foi exposta ainda mais durante a pandemia da Covid-19. Isso porque, a pista poderia ter sido o meio de transporte para os tanques de oxigênio que o estado tanto necessitou em janeiro.
“Poderíamos ter recebido esses oxigênios em questão de 12, 14 horas e levamos uns cinco dias por conta da trafegabilidade precária daquele trecho da estrada, que já justificaria a pavimentação. Não estamos falando de construir uma estrada nova estamos falando de pavimentar um trecho de 400 km”, explicou.
Segundo o ministro da infraestrutura, Tarcício de Freitas, é necessário planejamento para tirar o recapeamento e os outros serviços de manutenção na pista do papel. Mas, além disso, é preciso o licenciamento ambiental, para que a obra não agrida a floresta.
“Temos um desafio de fazer a pavimentação numa região que nós temos períodos muito claros de trabalho. O espaço é pequeno porque a gente só consegue trabalhar no período da seca, então tem todo período de inverno que não dá para trabalhar. Esse é o período que você até produz material, estoque material, mas não consegue aplicar material. [Mas]o passo mais importante para a BR-319 se tornar possível é o licenciamento ambiental”.
Mas para o ambientalista Philip Fearnside, a rodovia é uma obra que precisa ser esquecida, já que os impactos causados ao meio ambiente podem ser irreversíveis.
“Essa é uma das obras mais inconsequentes de toda a Amazônia, e os impactos são enormes. Porque não é apenas o que acontece na beira da estrada. Você viaja pela estrada você vê uma coisa, mas dentro já foi aberta uma enorme área de migração dos processos que desmatam a floresta”, finalizou.
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Fonte: G1 Rondônia

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