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Rondônia, sábado, 20 de abril de 2024.

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Hedge: “Momento é de virada para FIIs de shoppings e escritórios”


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A volta para a vida normal é anseio de 10 em cada 10 brasileiros. Isso só vai acontecer quando for possível fazer atividades simples, como trabalhar e fazer compras, sem preocupação quanto à covid-19. Embora a lentidão no ritmo de vacinação não permita saber quando a tão sonhada normalidade vai retornar, é fato que, cedo ou tarde, isso vai acontecer.

O exemplo mais latente de que existe vida pós-pandemia do coronavírus são os Estados Unidos. Com mais de 50% da população adulta vacinada com pelo menos a primeira dose, o país vive uma espécie de “primavera” da economia. Máscaras foram deixadas de lado, empregos voltaram a ser criados e as saídas do dia-a-dia já voltaram a acontecer.

Para André Freitas, diretor da gestora Hedge e ex-sócio da Hedging-Griffo, uma das pioneiras no mercado brasileiro de fundos de investimento, o exemplo norte-americano aponta um futuro possível para o Brasil.

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Embora tudo ainda dependa da capacidade do país de imunizar sua população, o fim da pandemia aqui deve repetir o que se viu lá fora: quando a cobertura vacinal for maior, a demanda represada de consumo causará um salto da economia.

“Se traçarmos um paralelo para o Brasil, eu diria que podemos ver uma grande virada. Sinal disso é que as projeções do PIB para 2021 estão sendo revisadas para cima e a economia caiu menos que o esperado no primeiro trimestre”, disse Freitas, em entrevista à EXAME Invest.

A recuperação pode representar também uma virada de jogo para os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) de tijolo, que administram escritórios, shoppings e outros ativos físicos. Penalizados pela redução de circulação de pessoas, esses fundos podem voltar a pagar bons dividendos, conforme a demanda por espaços físicos voltar.

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Veja abaixo a entrevista completa com o CEO da Hedge:

Qual sua visão sobre o mercado de FIIs nos próximos meses?

Estamos em ponto de virada, mas vai depender muito da vacinação. O Brasil tem vivido os efeitos da pandemia com uma espécie de atraso em relação aos países desenvolvidos, leva até 4 meses para as coisas acontecerem aqui. Se tivermos os Estados Unidos como proxy, dá para esperar uma retomada dos FIIs. Por lá, os REITs (fundos que se assemelham aos fundos imobiliários brasileiros) que mais sobem são de shoppings e escritórios.

A vida está aos poucos voltando ao normal, a ocupação dos espaços físicos voltou a crescer. Nos EUA, algumas empresas estão se preparando para ter 100% dos funcionários de volta ao escritório até setembro. Para eles, essa é uma questão de honra. Há um esforço enorme para deixar a pandemia para trás.

Quais os desafios no caminho do Brasil para alcançarmos essa mesma recuperação?

Sem dúvida, a capacidade de imunizar a população. Não conseguimos emplacar a vacinação, infelizmente. O Brasil chegou a vacinar 1 milhão de pessoas por dia, mas agora caímos para uma média de 400 mil pessoas imunizadas diariamente, porque não tem vacina. Se o governo não correr atrás do prejuízo vamos ficar à margem da retomada do crescimento global.

Qual o paralelo possível com os EUA, então?

A rapidez com que os Estados Unidos vacinaram a população é impressionante, e acho difícil alcançarmos o mesmo aqui tão cedo. Além disso, o estímulo dado pelo governo dos EUA foi grande, ao contrário do Brasil, que diminuiu o auxílio emergencial em 2021. Por lá, há também um pacote grande de investimentos em infraestrutura em discussão. O Brasil até avançou com concessões de aeroportos e de saneamento, mas certamente o que vai reger a economia é o investimento externo, não o público.

No entanto, se traçarmos um paralelo para o Brasil eu diria que podemos ver uma grande virada. Sinal disso é que as projeções do PIB para 2021 estão sendo revisadas para cima e a economia caiu menos que o esperado no primeiro trimestre

Quais setores devem se beneficiar mais dessa recuperação?

Passamos os últimos meses focados em FIIs de papeis, mas agora são os fundos de tijolo que estão em um momento de virada. Fundos de shoppings e lajes corporativas vão atrair mais compradores daqui pra frente.

Algumas mudanças da pandemia vão perdurar. O trabalho de casa, por exemplo, vai continuar existindo, mas não no grau que temos hoje. A pandemia provou que dá para trabalhar fora do escritório, mas que há uma perda de eficiência. Vemos mais casos de síndrome de burnout, os profissionais estão estressados, porque de fato se trabalha mais em casa.

Depois que o pior passar, aí sim teremos um reajuste. Parte das pessoas vai ficar em casa, parte vai ter uma rotina flexível. Mas primeiro as empresas vão tentar colocar todos para dentro do escritório, até para ver como estão organizadas as equipes.

Os escritórios vão se adaptar também a esse momento?

Sem dúvida. Os ambientes vão se transformar: teremos um distanciamento maior, espaços de descompressão… Esse negócio de empacotar todo mundo dentro do escritório vai ser difícil daqui pra frente. O espaçamento vai mudar, o que significa que vamos ter menos pessoas no escritório, mas as empresas vão reocupar a mesma área.

E quanto aos shoppings?

Os shoppings têm uma situação diferente. A multicanalidade, que permite que o cliente escolha comprar pelo site, receber pelo delivery ou só buscar o produto na loja, não vai regredir. Muitos espaços dos shoppings vão ser ocupado por outras coisas. As lojas, até mesmo por uma questão de organização, vão se tornar last mile para vários produtos, e os shoppings passarão a ser opção de entrega para grandes cadeias.

Mas é importante lembrar que nos EUA o movimento nos shoppings voltou muito forte. As pessoas estão fazendo compras e frequentando os espaços de lazer. O Brasil caminha para isso, mas o que nos prende ainda é o ritmo de vacinação. Não adianta preparar os espaços para receber as pessoas se tem outra onda de covid-19 se aproximando. Nesse cenário ninguém vai escancarar a abertura do comércio.

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Fonte: Revista Exame

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