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Rondônia, sexta, 29 de março de 2024.

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João Kepler: 10 coisas que você precisa saber antes de investir em uma startup


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Vou começar este artigo com uma “provocação”. Você saberia me dizer por que não investir em startups? Isso mesmo, você não leu errado. De certa forma, é relativamente fácil destacar pontos positivos que nos motivam a tomar algumas decisões, por isso, vou te ajudar com esta primeira reflexão.

Vamos aos pontos:

  • Primeiro: nem preciso lembrar que é um investimento de alto risco;
  • Segundo: que demora em média 6,8 anos para ter alguma possibilidade de saída;
  • Terceiro: dificilmente você terá algum dividendo no período;
  • Quarto: você precisa investir em pelo menos 10 negócios para ter alguma chance de retorno sobre o investimento realizado;
  • Quinto: Você tem que ajudar a startup a crescer para aumentar o valuation e seu IRR anual.

Os cinco motivos acima são apenas parte da resposta para justificar o porquê não investir em startups.

Além disso, destaco também que a seleção das startups é fundamental. A escolha inicial deve partir de um filtro, que chamamos de tese, no qual você determina qual segmento estaria disposto a entrar, qual o modelo de negócios, qual o valor máximo para investir, qual o estágio do negócio, que tipo de empreendedores, entre outros pontos que precisam ser levados em consideração.

Principalmente, deve ter claro no que você NÃO quer investir.

Após isso, em relação às que passaram pela tese, você deve buscar referências, opiniões, pesquisar, verificar a validação, e na sequência negociar com os empreendedores fundadores o valuation do negócio, participação, modelo de contrato, etc., ou seja, trabalho que merece muita atenção, tempo e cuidados.

Mas mesmo assim se você insiste em investir em startups, preciso lhe mostrar mais alguns desafios presentes nesse tipo de investimento:

  1. Você precisa gostar de gente;
  2. Tem que ter tempo para se relacionar;
  3. Fazer mentoria;
  4. Entender e acompanhar KPI’s;
  5. Não pressionar, mas colaborar;
  6. Não ser ansioso;
  7. Não se arrepender no meio do caminho;
  8. Ser acessível e flexível para os empreendedores;
  9. Pensar em estratégias e parcerias para o negócio;
  10. Lidar com empreendedores uncoachable.

Sim, é preciso se qualificar para fazer este tipo de investimento. Viu como não é fácil? Não se trata apenas de colocar seu dinheiro e voltar um tempo depois para ver no que deu. É um exercício de paciência que requer muita experiência e dedicação.

Não quero desestimular ninguém, muito pelo contrário!

Mas sei o quanto é importante ser realista e mostrar os prós e contras. As informações que listei aqui nem sempre são mencionadas e é aí que mora o problema na maioria das vezes.

Se vai mesmo investir, meu conselho final é: retire uma pequena parte da sua reserva financeira para startups. Isso não é um jogo, ou seja, não aposte tudo que tem nesse tipo de operação. Esteja ciente de que você pode perder todo o dinheiro que investiu (faz parte) e se você topa entrar precisa ter consciência disso.

Colocar seu dinheiro em startups é trabalhar em conjunto, compartilhar para somar. Cada vez mais as pessoas estão despertando para novas alternativas de investimento e apesar do alto potencial de retorno chamar atenção, as startups não são definitivamente a alternativa mais “fácil” para ganhar dinheiro.

E, por último, e tão importante quanto, opte sempre por fazer parte de um grupo de investidores ou siga algum investidor que admira e confia.

Ao fazer isso você diminui suas chances de errar. Grupos que são sólidos e estruturados criam critérios e uma lógica para avaliar startups, sem contar que cuidam de questões burocráticas e, claro, são mais cabeças pensantes e mais experiência envolvida no processo como um todo.

*João Kepler é escritor, anjo-investidor, conferencista, apresentador de TV, podcaster e Diretor da Bossa Nova Investimentos.

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Fonte: Revista Exame

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