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Rondônia, sexta, 29 de março de 2024.

Exame

“Esperem o melhor, se preparem para o pior”, diz fundador da Wise Up


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Para o empresário Flávio Augusto da Silva, o momento nas empresas é de pensar na própria sobrevivência. De acordo com ele, as empresas precisam ter um plano de contingência para passar pelos próximos meses da melhor maneira possível.

O empresário falou sobre os impactos nos negócios e as soluções para atravessar a crise em entrevista ao vivo no canal do YouTube da EXAME, em série #exametalks. A entrevista foi dada aos jornalistas Gabriela Ruic e João Pedro Caleiro.

Silva tem um time de futebol na liga americana, o Orlando City, e uma rede de franquias de escolas de idiomas focada no público adulto Wise Up. Os dois negócios dependem muito da presença de pessoas, seja em salas de aula, seja em estádios lotados. No momento, nenhum desses negócios pode funcionar normalmente por causa da pandemia do coronavírus.

“A Wise Up é uma empresa grande, bem estruturada e capitalizada. Mas na ponta tem um franqueado, um pequeno empreendedor, que nem sempre tem caixa ou está estruturado. É um desafio”, diz Silva.

Para as empresas, ele aconselha: esperem o melhor, se preparem para o pior. “Empresário tem mania de achar que pensamento positivo resolve as coisas. Mas faz parte se preparar para o pior”, afirma. “Agora, as empresas têm que sobreviver.”

Ele diz que é necessário fazer um plano de contingência e renegociar custos como pagamento de aluguéis.  As negociações podem ser feitas com os fornecedores e até com a franqueadora – a Wise Up suspendeu a cobrança de royalties por três meses para franqueados, por exemplo. “Sua abordagem de negociação precisa carregar o peso do momento. O peso é esse, a sobrevivência”, diz o empresário.

Em segundo lugar, é preciso se aproximar do cliente. A plataforma online da Wise Up, por exemplo, viu um aumento de 400% nas vendas nesse período. Para o time de futebol Orlando City, todos os jogos foram cancelados e as receitas, de cerca de 7 milhões de reais por jogo, perdidas. Para manter o engajamento com os torcedores, a empresa está transmitindo reprises de jogos antigos, que estão dando até mais audiência que normalmente, diz Silva.

O empresário diz que busca a sobrevivência das empresas sem fazer nenhuma demissão. “Temos um bom plano, no qual acreditamos. Vamos manter as pessoas nesse momento”, diz. Segundo ele, quem tem condições irá evitar demissões. “Nenhum empresário gosta de dispensar pessoas”, afirma. “Quando você tem gente boa, mandar alguém embora porque não tem condições de pagar é uma derrota, um sofrimento muito grande para qualquer empresário.”

 

 

O novo normal

Para o empresário, esse momento de quarentena também pode ser usado para entender melhor as tendências dos negócios e fazer as adaptações necessárias nas empresas. “A palavra é adaptação. Como todo processo evolutivo que exigiu adaptação da humanidade, essa crise não será diferente. A dinâmica de mercado vai se transformando”, afirmou ele.

Ele afirma que, embora muitas empresas passem por dificuldades nesse período de fechamento do comércio e de restrições a aglomerações de pessoas, a pandemia exige que as empresas se adaptem. “É um momento de observação das dinâmicas do mercado e de autoconhecimento, que exige de todos, pobres e ricos, adaptação. O novo se impõe sem pedir licença”, diz.

Digitalização

Uma das mudanças será o maior uso das tecnologias digitais. O empresário lembra que a companhia de teleconferências Zoom está crescendo a níveis recordes. Apenas no dia 23 de março o aplicativo da Zoom foi baixado 2,3 milhões de vezes e o preço das ações mais do que dobrou desde o começo do ano. A empresa atualmente tem um valor de mercado de 42 bilhões de dólares, oito vezes o valor da International Consolidated Airlines Group, que controla a British Airways.

Por isso, ele afirma que empresas com um pé no mundo digital podem navegar melhor nesse período. Novos clientes também devem surgir, na medida em que os consumidores testam produtos digitais pela primeira vez, como delivery de supermercados, por exemplo. “Esse processo é degustação para uma vida mais digital para muitas pessoas, que ainda não tinham se digitalizado”, afirma.

As plataformas de educação à distância do grupo Wise Up já crescem cerca de 150% ao ano. Até o próprio empresário tem uma forte experiência na comunicação digital à distância. “Já faço home office há 10 anos. Gerencio uma empresa com 10 mil funcionários à distância. Estou muito antenado que as coisas podem ser feitas dessa maneira”, afirmou.

Empreender e estudar na crise

Para quem busca empreender no meio da pandemia do coronavírus, o conselho do empresário é esperar. “Se sua ideia é empreender, sugiro que espere um pouco. Esse é um período bom para estudar, se preparar para o que vem por aí. A partir de junho, você terá uma visão muito melhor do cenário para poder se posicionar”, afirmou ele.

O estudo também vale para pessoas que querem usar o momento de isolamento social para se tornarem melhores profissionais. “Se você puder se qualificar, fazer algum curso, você vai ocupar sua cabeça com algo produtivo. Ler livro é fantástico, exige concentração”, afirmou ele.

Mais do que se tornar um profissional ou empreendedor melhor, o estudo e a leitura podem ajudar a acalmar a ansiedade nesse período. “Nesse momento a saúde mental é afetada, você fica com o pensamento acelerado, não consegue desligar, não consegue dormir, isso faz mal para você”, afirma Silva.

“Vamos passar por isso. Todos somos fortes e capazes de passar por isso. Essa situação vai melhorar”, diz o empresário.

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Fonte: Revista Exame

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