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Rondônia, quarta, 24 de abril de 2024.

Nacional

“O Brasil continua atraente”


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Reformas, reformas, reformas. Diante da elevadíssima incerteza por causa do novo coronavírus, Park Hyeon-Joo, fundador e presidente do conselho de administração da Mirae, maior instituição financeira da Coreia do Sul, está focado nas perspectivas de longo prazo para o Brasil. Em rara entrevista, Park contou à EXAME, durante visita a São Paulo no início de março, que quer aumentar os investimentos no país.

Quão danoso será o impacto da covid-19 para a economia global?

Difícil responder agora. O mundo ainda está tentando entender de que maneira a pandemia vai reduzir os gastos do consumidor, interromper a produção industrial e quebrar as cadeias de suprimento em toda parte.

Por que a Mirae está investindo no Brasil em um momento de tantas incertezas?

Desde 2003, a Mirae já se expandiu para 15 países. O Brasil é uma das dez maiores economias do mundo. Vemos grande potencial para o crescimento do mercado financeiro. O governo segue firme nas reformas. Queremos, a partir do Brasil, avançar e nos tornar um dos principais grupos financeiros da América Latina.

Quais similaridades tem o Brasil com a Coreia do Sul?

A Coreia do Sul estava crescendo a taxas de 2 dígitos nos anos 1990. Mas, no começo dos anos 2000, logo após a crise asiá­tica, precisou implementar reformas para tornar a economia mais orientada para o mercado. Assim, as taxas de juro caíram dramaticamente. Hoje, estão em 0,7% ao ano. Nós, que trabalhamos no mercado financeiro, nos lembramos do que aconteceu com a economia da Coreia do Sul ao se transformar em um país de juros baixos, e essa mudança pode ser muito empolgante para o Brasil também. O Brasil é uma economia importante tanto pelo tamanho de seu mercado doméstico quanto pela exportação de matérias-primas. Esperamos que as reformas impulsionem o potencial de consumo e o crescimento.

Em que outros tipos de negócio a Mirae pretende investir no Brasil?

A Mirae tornou-se uma das maiores investidoras no mercado imobiliário internacional. Está perto de finalizar a compra de 15 dos maiores hotéis dos Estados Unidos, como o The Ritz-Carlton, o Half Moon Bay e o Four Seasons Silicon Valley. Gostaríamos de buscar novos investimentos como esse no Brasil. Já temos vários ativos de escritórios de primeira linha nos Jardins e na região da Avenida Berrini, em São Paulo. Estamos também interessados no agronegócio, como uma opção de investimento privado em participações, e no comércio eletrônico.

Com a severa depreciação do real neste ano, mais investidores estrangeiros devem vir para o Brasil?

Vemos espaço e desejo dos estrangeiros em investir no Brasil porque veem o país como um mercado próspero. Considerando que a inflação está se estabilizando e que há planos para uma reforma administrativa e para uma reforma tributária, vai haver um cenário propício ao aumento do potencial de crescimento e à redução da dívida pública.

A confusão no cenário político do Brasil o assusta?

Respeito o fato de o Brasil ter uma sólida e bem estabelecida democracia, e de seus políticos serem eleitos pela população numa eleição justa. Espero que, com as reformas, haja um ambiente melhor de negócios para empreendedores como eu.

Fonte: Revista Exame

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