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Rondônia, quinta, 18 de abril de 2024.

Exame

Siderúrgicas estudam medidas drásticas para mitigar efeitos do coronavírus


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Dentre todas as indústrias, a siderurgia é definitivamente aquela que deixará de produzir somente em último caso — o que ainda não inclui a atual crise do coronavírus. Diante da paralisação do setor produtivo, as usinas de aço não têm recebido novos pedidos e, a cada dia, o horizonte é ainda mais incerto. As medidas de contenção incluem desde o adiamento de novos investimentos até as mais drásticas, como a possível paralisação dos fornos.

Enquanto o futuro se desenha perturbador, com possibilidade de recessão da economia global, as empresas estão reformulando o planejamento estratégico. A Gerdau anunciou nesta terça-feira, 24, que vai adiar as iniciativas de novos investimentos (Capex) em 2020, diante do agravamento do novo coronavírus.

Em fato relevante ao mercado, a companhia destacou que a posição de caixa de 6,3 bilhões de reais, sendo 52% em dólares, e linhas de crédito compromissadas de 4 bilhões de reais, permitem que a empresa esteja “preparada neste momento de volatilidade.”

No Brasil, as operações fabris do grupo gaúcho seguem inalteradas, ao passo que no Peru e na Argentina estão paralisadas por restrições governamentais. Nos Estados Unidos, a produção de aços especiais está parada devido à queda da demanda das montadoras, que interromperam a produção.

O mesmo quadro pode ser observado no Brasil. Quase 50 das 67 fábricas de veículos no país paralisaram suas operações como forma de combater a propagação da covid-19. As montadoras são os principais clientes das siderúrgicas, mas os fabricantes de linha branca, máquinas e equipamentos, indústria de óleo e gás, entre outros, também têm uma demanda alta e estão parando.

Em Cubatão, na Baixada Santista, a Usiminas deve colocar praticamente todo o administrativo em home office a partir desta quarta-feira, 25, enquanto os turnos de produção de laminados deverão funcionar normalmente. Lá, a carteira de estoques é de cerca de 60 dias, conforme apurou a reportagem da EXAME.

Já em Ipatinga, Minas Gerais, o caso é ainda mais complexo. O aço bruto, na unidade, é produzido em altos-fornos, cujas paradas levam meses para ser feitas e exigem altíssimos custos. Segundo apurou a EXAME, até a crise do coronavírus, a produção mineira vinha de vento em popa. Agora, a demanda estaria contratada até abril. “O problema é depois desse período”, diz uma pessoa ligada à empresa.

Na gerência da companhia, crescem expectativas de uma possível parada dos altos-fornos, a começar pelos menores, caso a instabilidade na economia piore.

“A Usiminas certamente está estudando desligar um alto-forno, embora as siderúrgicas fujam dessa opção, porque é uma decisão para meses a frente”, afirma uma pessoa próxima à companhia.

Procurada, a Usiminas não pôde se pronunciar imediatamente.

Na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que também depende fortemente da indústria de bens de consumo e de capital, a produção de aço bruto continua, por ora, em Volta Redonda, Rio de Janeiro. Segundo apurou a reportagem da EXAME, cerca de 2.000 funcionários do administratitvo e aqueles do grupo de risco foram afastados, mas na área de redução de minério de ferro, a situação é diferente: o alto-forno não pode parar.

Em nota, a CSN afirma que a empresa “tem seguido as recomendações do Ministério da Saúde e das autoridades competentes no assunto.”

À medida que a crise da covid-19 se agrava no país, crescem as incertezas sobre a atividade nas siderúrgicas. No ano passado, o resultado das empresas já não foi exuberante, com queda do lucro e da receita.

Nos corredores das empresas, equipes já têm se reunido diariamente para discutir os próximos passos com o agravamento da crise do coronavírus. Se a paralisação da economia persistir, a possibilidade de parada dos altos-fornos é grande, segundo fontes próximas às siderúrgicas. As empresas reforçam que, por ora, o quadro segue normal. Mas o futuro reserva enormes incertezas. Para quem conhece a atividade, parar um forno é um remédio tão amargo que pode estragar o resultado de um ano inteiro.

Fonte: Revista Exame

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