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UTI Neonatal do Hospital de Base envolve papais no acompanhamento de bebês internados na unidade
Ser pai é proteger, amar, cuidar. Pensando nisso, a equipe da coordenação da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal, do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho, percebeu a necessidade de ampliar o contato dos pais com os bebês que precisam passar pelo período de internação.
Segundo a coordenadora da UTI Neonatal, Paula Fernandes, há alguns meses os profissionais do setor se reuniram para discutir sobre o acolhimento aos pais e dirimir o distanciamento entre eles e a equipe multiprofissional, já que tinham restrições de horários para visitarem e terem notícias sobre os bebês. “Eles esperavam na entrada o boletim técnico sobre o estado da criança e, muitos, nunca entraram na UTI ou acompanharam o processo de internação, sempre as mães que estavam nessa missão. Por isso resolvemos fazer o acolhimento, envolvendo o casal, mostrando as normas e rotinas sobre os direitos que eles tem, e dar o acesso diário aos pais para acompanharem seus bebês”.
“Pai não é visita. Assim como a mãe, pai também é acompanhante e é importante esse contato deles, tanto para as crianças quanto para eles próprios, além de fortalecer o elo familiar e dar apoio às mães que passam por esse momento”, explica Paula.
Um encontro semanal acontece com os pais na própria UTI, quando a equipe multiprofissional orienta sobre troca de fraldas, como pegar o bebê, e sobre a importância do laço que se cria a partir dessas atitudes. “Muitos são do interior, a mãe fica lá internada e a criança vem acompanhada com o pai para a internação. Esse já é um pai diferenciado por tomar a frente de todo esse processo. Mas com o acolhimento, eles começam a falar sobre os medos e se entregam à paternidade de uma maneira mais integral”.
Jeferson de Oliveira, 31 anos, é pai de “primeira viagem” e conta que tudo começou quando a esposa, com 31 semanas de gestação, começou a ter problemas com a pressão arterial e perda de líquidos. “Nós fomos encaminhados para cá e a neném, que deveria nascer no início de setembro, nasceu pré-matura com 1,130 quilos, há 28 dias. É um pouco tenso ainda pegar ela no colo, mas é uma sensação inexplicável”, conta. A pequena Heloísa passa bem e a alta médica deve acontecer em data aproximada à previsão de parto anterior à chegada pré-matura da criança.
Lívia só tem quatro dias de vida, e nem o papai (Jocinez Lorenzoni) e a mamãe ainda não podem pegar no colo, devido aos critérios de cuidados. A bebê nasceu com 1.100 quilos com 26 semanas de gestação. Os pais são de Machadinho do Oeste e na quarta-feira (7) foi a primeira vez que a ouviram chorar. “O choro é tão baixinho e com os aparelhos não tínhamos conseguido ouvir, até hoje, mas é muita emoção”, diz a mãe Giselia.
Jocinez, também pai de “primeira viagem”, e diz que todos os dias quer cuidar e estar presente com a filha, e que apesar da dificuldade por não morar na capital, vai acompanhar tudo que puder.
Para Joeci Modesto, 35 anos, a distância da cidade de origem atrapalha a presença diária, mas o pai não contém a emoção ao olhar para a pequena Myllena na incubadora. “É uma coisinha tão frágil assim, que a gente já gosta tanto…é muito emocionante!”, declara Joeci que, juntamente com a esposa, Gabriela, conta que moram em Jaru, e com 27 semanas de gestação a neném veio ao mundo com apenas 680 gramas. Esta semana com 1,040 quilos, Myllena recebeu a segunda visita do pai, já que não consegue acompanhar diariamente.
O envolvimento dos pais e toda a família no processo de internação do bebês na UTI Neonatal do HB é uma forma de humanizar e preparar a família para a chegada de uma nova criança na casa, ou mesmo aproximar todos em um contato afetuoso que pode ser único. “Há crianças que não vão para casa, que não resistem. É preciso explicar tudo isso às famílias. Não é fácil”, revela a enfermeira Paula.
As visitas para os avós maternos e paternos acontecem todos os domingos à tarde. Já os irmãos acima de cinco anos de idade podem ver os bebês todas as sextas-feiras, no período da manhã.