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Rondônia, sexta, 19 de abril de 2024.

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SEMTRAN lança ‘gambiarra tecnológica’ como aplicativo para ônibus do transporte coletivo…


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RETICÊNCIAS POLÍTICAS  –  Itamar Ferreira*

No último dia 9 de novembro a Secretaria Municipal de Trânsito (SEMTRAN) anunciou através de toda imprensa, com pompa e circunstância, que o “usuário de transporte coletivo pode monitorar horário e rota de ônibus em Porto Velho”. Confesso que festejei, pois fui o “pai dessa ideia” em Porto Velho, quando em 2011, então secretário da SEMTRAN, fiz as empresas assumirem o compromisso de implantar o sistema.

Não resisti e fui logo testar a inovação tecnológica, ainda que tardia, já que na própria matéria divulgada pela Prefeitura consta que a “Semtran, explica que o aplicativo já funciona em todas as capitais do Brasil”. Ora, se todas as capitais já contam com o sistema, significa que fomos a última a instalá-lo. Mas, como já dizia o meu saudoso avô “antes tarde do que nunca”.

Quando acessei o tal aplicativo eu não sabia se tinha uma crise de riso ou de raiva, na verdade fui acometida de ambos simultaneamente. O tal aplicativo nada mais é do que o acesso às planilhas de Excel com a programação fixa dos ônibus em cada rota, com a previsão de horário, planilhas essas que já existem há décadas. Teria sido melhor tirar fotocópias dessas planilhas e distribuir aos usuários, daria no mesmo.

É risível, hilariante mesmo, essa “inovação tecnológica” da SEMTRAN, que na mesma matéria informa que “No entanto, se o passageiro perceber que as normas e horários previstos no aplicativo não estão sendo cumpridos, ele pode fazer a denúncia para a Semtran tomar as medidas necessárias, ‘penalizando a empresa ou justificando o horário de atraso”’.

Como assim??? O sistema que existe hoje em todas as capitais, com a vergonhosa exceção de Porto Velho, se baseia numa plataforma que utiliza GPS em todos os ônibus, que são monitorados em tempo real, com sua exata localização, velocidade de deslocamento, de tal sorte que o usuário nunca irá “perceber que as normas e horários não estão sendo cumpridos”, simplesmente porque ele vai visualizar no aplicativo em tempo real o ônibus que se desloca para a parada que escolheu.

Mas o cúmulo da incompetência da gestão municipal, do transporte coletivo e trânsito, é que esse sistema também já existe em Porto Velho desde novembro de 2016, implantado pelo próprio Consórcio SIM, através do aplicativo “Meu Ônibus SIM”. Descobri isso através de uma simples pesquisa na internet. Ou seja, a SEMTRAN não precisaria ter tentado inventar a roda, ainda por cima uma ‘roda quadrada’. Bastaria ter feito uma parceria com o Consórcio para que a secretaria tivesse acesso a esse sistema.

No compromisso que a SEMTRAN firmou com as empresas de ônibus em 2011 estava previsto uma parceria na qual a secretaria teria acesso aos dados de GPS instalados nos ônibus, para só então disponibilizar um aplicativo igual ao das demais capitais.

É algo bisonho, totalmente ridículo e vergonhoso, que o prefeito Hildon Chaves deveria determinar a imediata retirada do ar dessa “gambiarra” da SEMTRAN. Fico imaginando a crise de riso que o João Dória prefeito de SP, muito afeito às novas tecnologias, não teria se soubesse desse “moderno” aplicativo alimentado com as velhíssimas planilhas de Excel do colega dele de Porto Velho. E pensar que tiveram que importar “especialistas” de São Paulo para se realizar tal façanha.

Itamar Ferreira, bancário, dirigente sindical do SEEB-RO e CUT-RO, formado em administração de empresas e pós-graduado em metodologia do ensino superior pela UNIR, acadêmico do 10º período da FARO (aprovado no exame da OAB). Ex-secretário da SEMTRAN.  

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