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Rondônia, quinta, 18 de abril de 2024.

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É preciso atitude!


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Por Andrey Cavalcante
É preciso atitude!

“O otimista até pode errar. Mas o pessimista já começa errando.

A criação de Brasília, a interiorização do governo, foi um ato democrático e irretratável de ocupação efetiva de nosso vazio territorial. Brasília é a manifestação inequívoca da fé na capacidade realizadora dos brasileiros, triunfo do espírito pioneiro, prova de confiança na grandeza deste país, ruptura completa com a rotina e o descompromisso. Se acredito ou não, é outra história. O certo é que no dia 21 de abril, colocarei minha bagagem num automóvel e quem quiser que me acompanhe”

O texto – um apanhado de declarações do eterno presidente Juscelino Kubistcheck – emula um modelo a ser perseguido e indica o rumo a ser adotado por cada cidadão responsável comprometido com os mais nobres sentimentos em relação ao país. JK ensina que é preciso atitude das pessoas de bem. Ele lembra que Brasília é maior, muito maior, que a condição de valhacouto da imoralidade que lhe tentam impingir. E é preciso salientar sempre que a regra é um país formado por cidadãos de bem, cumpridores da lei e que amam seu país. Os criminosos, sejam eles ou não de colarinhos alvejados, armados ou não, poderosos ou vulgares, são apenas a exceção.

Estou certo de ser este o pensamento do colega Ibaneis Rocha, brilhante advogado, coroado de êxito, ex-presidente da OAB-DF, que agora decide ser o momento de demonstrar sua gratidão à terra natal e entrar na disputa pelo governo de Brasília. Sua atitude, amplamente meritória, denota a consciência de que a crise moral na qual a política se viu mergulhada nos últimos tempos somente será resgatada quando os cidadãos de bem decidirem se candidatar a cargos eletivos. Não se pode condenar a política, pilar dos ideais democráticos, pelas ações ilegais assim classificadas, pelos órgãos de investigação, pelas inúmeras denúncias contra alguns dos maiores expoentes do estrelato político nacional.

Ibaneis Rocha, que ocupa atualmente a Secretaria Geral-Adjunta do Conselho Federal da OAB, faz severas críticas à administração pública, mas não vê perspectiva de solução fora da política. E acrescenta que falta gestão ao DF, pois existem, sim, recursos para tirar Brasília dos problemas que enfrenta, comuns à maioria dos estados brasileiros: gastos maiores do que as receitas. “O modelo, no mínimo, está equivocado”, segundo ele que, dentre os diversos convites formulados por agremiações partidárias, optou pelo PMDB, sigla historicamente ligada ao desenvolvimento do Distrito Federal, cuja ficha de filiação ele assina nesta quarta-feira, dia 8.

Já disse aqui inúmeras vezes que o Brasil tem cura, mas é preciso que o remédio prescrito combata o mal sem matar o paciente. Ibaneis Rocha sabe que muitas críticas lhes serão dirigidas em função de sua opção partidária. Mas sabe também que qualquer mudança, para ter eficácia, tem que partir de dentro para fora, intrínseca. O PMDB é uma instituição historicamente comprometida com os mais elevados desígnios da natureza política do país. Não lhe podem ser imputadas as culpas atribuídas a lideranças sazonais. O PMDB contra o qual vociferam precipitada e equivocadamente os críticos – em geral na esperança de lhe abiscoitar parcelas de seu poderio institucional – é o mesmo PMDB de Ulysses Guimarães e de Tancredo Neves.

É o PMDB da anistia, da volta do irmão de Henfil e de tantos brasileiros exilados, das “Diretas Já!”, da redemocratização e da constituinte. E seria também o partido pelo qual JK retornaria à presidência, não lhe fosse a vida ceifada pelo acidente da Via Dutra, até hoje suspeito. Ibaneis Rocha indica que “A crise brasileira é moral, ética, exige mobilização para enfrentá-la. Cabe a cada um de nós fiscalizar e cobrar, para que o resultado de toda a movimentação recente de investigação, apuração e denúncias não resultem em impunidade. A batalha da cidadania contra a corrupção é a batalha-síntese de todas as lutas que se travam em nosso país, particularmente no sentido de se implantar as bases de uma democracia que coloque a ideia de povo no lugar central da nação. E o Distrito Federal, neste particular, não foge à moldura nacional.

Os caminhos estão postos. É preciso então que cidadãos conscientes e responsáveis decidam, como faz Ibaneis Rocha, trilhar por ele. Que ninguém se iluda: somente pela via eleitoral será possível recuperar o Brasil dos desastres causados pelos que sacrificaram a moralidade e o povo, a economia e o próprio futuro em busca da perpetuação no poder. E mais: fora da política, o que resta é ditadura. Exatamente como advertia Tancredo Neves: “O processo ditatorial, o processo autoritário, traz consigo o germe da corrupção. O que existe de pior no processo autoritário é que ele começa desfigurando as instituições e acaba desfigurando o caráter do cidadão”.

O autor é presidente da OAB Rondônia

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